O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendeu, esta segunda-feira, que "é mais necessário do que nunca" aumentar o apoio à Ucrânia, depois de assinar, conjuntamente com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um acordo bilateral de segurança, que inclui um pacote de ajuda militar de mil milhões de euros. Por sua vez, o chefe de Estado ucraniano agradeceu "toda a ajuda" deste "parceiro fiável" e confirmou que "planeia" visitar Portugal.
"Desde o início da agressão russa, a Espanha tem estado ao lado da Ucrânia", afirmou Pedro Sánchez, numa conferência de imprensa conjunta, após a assinatura do acordo.
"Após mais de dois anos, a agressão russa continua, pelo que é mais necessário do que nunca redobrar o nosso apoio. Neste contexto, Volodymyr, a sua visita permite-nos reiterar o nosso firme compromisso com a Ucrânia em todos os domínios", acrescentou o chefe do governo espanhol, renovando o seu "compromisso de contribuir para a segurança e defesa da Ucrânia" e anunciando que o acordo "inclui um compromisso de ajuda militar para 2024 de mil milhões de euros".
Notando que Espanha é o décimo país a assinar um acordo deste tipo com Kyiv, em conformidade com a declaração do G7 emitida no ano ano passado, Sánchez destacou que o mesmo se baseia "numa visão global da segurança e, por isso, estende-se a vários domínios, como o militar, o apoio financeiro ou a colaboração no domínio da indústria militar e a ajuda à reconstrução do país".
Este pacote de ajuda centra-se, sobretudo, na entrega de mísseis Patriot para a defesa antiaérea e de tanques Leopard.
Sánchez reiterou o apoio do Governo de Espanha à Ucrânia e disse que a sua luta em favor da sua "liberdade e independência" constitui um exemplo para quem acredite "na democracia, na paz e na igualdade entre Estados".
Já Zelensky começou por agradecer o "afeto e respeito" do povo espanhol por apoiar o seu país e toda a "ajuda que salvou vidas neste difícil período de guerra".
"A Espanha é um parceiro fiável que nos tem ajudado a defender-nos desde o primeiro dia", disse. "Não ficaram indiferentes quando os mísseis russos começaram a destruir as nossas cidades e aldeias e a matar as nossas crianças", acrescentou.
O presidente ucraniano explicou que aproveitou a reunião para informar Sánchez sobre a situação atual na linha da frente e que tinham discutido, em particular, o reforço das defesas aéreas no seu país. Zelensky classificou ainda como "histórica" a participação de Espanha na Conferência para a Paz na Ucrânia, que terá lugar na Suíça dentro de duas semanas.
Por fim, o chefe de Estado da Ucrânia confirmou a sua visita a Portugal. "Sim, planeio visitar Portugal", disse aos jornalistas.
Recorde-se que o presidente ucraniano chegou hoje a Madrid para uma visita oficial. Zelensky foi recebido na pista do aeroporto de Madrid pelo rei Felipe VI. Trata-se da primeira visita oficial do Presidente ucraniano a Espanha, embora já tenha estado em Granada em outubro passado para a cimeira da Comunidade Política Europeia, no âmbito da Presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE).
A visita, que estava inicialmente prevista para 17 de maio mas que teve de ser cancelada devido à ofensiva russa, só foi oficialmente confirmada ao início da noite pelo Palácio Moncloa por razões de segurança.
De notar que, na altura em que estava programada a primeira visita a Espanha, esteve igualmente prevista a visita do presidente ucraniano a Portugal. Sábado, durante uma visita à sede do Banco Alimentar Contra a Fome, o Presidente Da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi questionado sobre uma eventual visita do presidente da Ucrânia ao nosso país, na terça-feira, mas sem confirmações.
Hoje, já depois de várias notícias e após a confirmação oficial de Zelensky, a Presidência da República e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acabaram também por comunicar que o chefe de Estado ucraniano estará mesmo em Portugal amanhã. Durante a sua estadia por terras lusitanas, Zelensky terá reuniões de trabalho com Montenegro e será recebido por Marcelo.
Na tarde desta segunda-feira e depois desta reunião com Pedro Sánchez, Zelensky será recebido por Felipe VI, com quem irá almoçar. O presidente ucraniano visitará também a Câmara dos Deputados durante a tarde.
De notar que a ajuda militar fornecida por Madrid a Kyiv permaneceu limitada até ao acordo de hoje, que implica uma doação total de 1.129 milhões de euros em material e ajuda militar.
Segundo os dados do Instituto Kiel, que recenseia o armamento prometido e entregue à Ucrânia desde a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, a Espanha tinha fornecido até ao momento 330 milhões de euros de ajuda militar a Kyiv, e que a tornava num pequeno contribuinte à escala europeia.
Veja na fotogaleria acimas as imagens do encontro de Zelensky com Sánchez.
[Notícia atualizada às 14h48]
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