Os Estados Unidos consideram que o ataque israelita a um campo para refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza, onde morreram pelo menos 45 pessoas, não cruza as "linhas vermelhas" da aliança com Israel, referidas anteriormente pelo presidente norte-americano, Joe Biden.
"Tudo o que podemos ver diz-nos que não estão a avançar para uma grande operação terrestre em centros populacionais no centro de Rafah", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, citado pela agência de notícias Associated Press.
O presidente norte-americano, Joe Biden, alertou anteriormente Israel que, se avançasse com operações militares em grande escala em Rafah, iria reconsiderar os esforços de apoio militar a Telavive. Depois do ataque de domingo, no entanto, não foram reveladas mudanças na política militar com Israel.
O porta-voz do exército de Israel, Daniel Hagari, argumentou que o caso "foi um incidente devastador". "Não esperávamos que acontecesse. O nosso exército lançou 17 quilos de explosivos, a quantidade mínima que os nossos aviões de combate podem lançar. As nossas munições, por si sós, não podem ter causado aquele incêndio devastador", declarou, insistindo que a investigação ao caso ainda não está concluída.
Também pela voz de Kirby, desta feita citado pelo The Guardian, os EUA desvalorizaram a presença de tanques israelitas em Rafah.
"Não os vimos entrar com unidades grandes, nem com um grande número de soldados, em colunas e formações, nem numa espécie de manobra coordenada contra múltiplos alvos no terreno", disse, após tanques do exército de Israel terem sido vistos junto à mesquita de al-Awda, no centro de Rafah.
De acordo com a diretora de comunicações da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), Juliette Touma, mais de um milhão de pessoas fugiram da cidade de Rafah, no sul de Gaza, desde que Israel lançou uma operação militar em 6 de maio, sendo que algumas já foram deslocadas várias vezes desde o início do conflito.
A representante da UNRWA frisou que fortes bombardeamentos ocorreram novamente durante a noite de terça-feira, incluindo na área a norte de Rafah, onde ficam os escritórios principais da ONU, bem como os escritórios da UNRWA.
A maior parte da sua equipa não conseguiu chegar ao trabalho e estava a "fazer as malas para se mudar", disse Touma, numa videoconferência com jornalistas que a Lusa acompanhou, frisando que as "pessoas estão absolutamente aterrorizadas".
Juliette Touma afirmou ainda que pouco mais de 200 camiões com ajuda humanitária avançaram para o enclave nas últimas três semanas, um cenário que classificou como "uma gota no oceano".
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