Os búlgaros saíram à rua para saudar o seu primeiro czar. O seu caixão, coberto com a bandeira real, foi transportado pela guarda nacional e exposto no salão do palácio real de Vrana, que o próprio Fernando I mandou construir nos arredores da capital.
Uma "devida homenagem" e "finalmente paga", apesar das interpretações contraditórias que se podem fazer de "certos momentos do seu reinado", realçou o seu neto, Siméon de Saxe-Cobourg-Gotha, de 86 anos, que trabalhou energeticamente para este regresso.
"É um acontecimento histórico", sublinhou à agência France-Presse (AFP) Mihail Petkov, de 50 anos, que é descendente de um oficial de alto escalão do soberano e participou da cerimónia com o seu filho.
Comovida, em lágrimas, e coberta com um lenço preto em sinal de luto, a historiadora Jana Vassileva, de 70 anos, ajoelhou-se, enquanto o cortejo fúnebre passava, perante "um dos grandes czares da Bulgária".
Para o investigador Petar Stoyanovitch, especialista no seu reinado, este acontecimento testemunha uma "responsabilidade assumida tardiamente pelas instituições no que diz respeito à história", mesmo que o governo não tenha marcado presença.
Príncipe desde 1887, Fernando I rompeu os últimos laços de vassalagem da Bulgária com os otomanos em 1908.
Tendo-se tornado czar, embarcou em duas guerras que levaram à sua abdicação em 1918, deixando um legado controverso.
Terminou a vida no exílio na Baviera, onde morreu em 1948, aos 87 anos, onde repousou até agora.
Mas era desejo de Fernando I ser enterrado na Bulgária. A cerimónia de enterro decorrerá hoje na cripta da família no Palácio de Vrana.
O seu neto Simeão II, coroado quando criança, foi deposto do trono em 1946 pelo regime comunista, antes de regressar para liderar o seu país em 2001, como primeiro-ministro.
Recuperou parte dos bens reais onde fundou um museu.
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