Frota de navios de guerra russos chegou a Cuba, mas sem armas nucleares

Três navios da marinha russa e um submarino de propulsão nuclear chegaram hoje a Cuba para uma escala de cinco dias, sem que a operação seja vista como uma ameaça por Havana ou pelos Estados Unidos.

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© Marinha Portuguesa

Lusa
12/06/2024 15:50 ‧ 12/06/2024 por Lusa

Mundo

Rússia

Segundo as agências noticiosas internacionais, a frota não transporta armas nucleares.

"Nenhum dos navios transporta armas nucleares, pelo que a sua escala no nosso país não representa uma ameaça para a região", declarou o ministério cubano das Forças Armadas Revolucionárias (Minfar), na semana passada, garantindo o total respeito pelas regras internacionais e pelas "relações historicamente amigáveis" entre Havana e Moscovo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o seu homólogo cubano, Bruno Rodriguez, reuniram-se hoje em Moscovo e segundo a agência TASS, Moscovo agradeceu a posição "objetiva e coerente" de Havana em relação à guerra na Ucrânia.

Lavrov aproveitou ainda a oportunidade para garantir que o seu país continuará a prestar assistência humanitária aos seus "amigos" cubanos, enquanto o ministro Rodríguez publicou uma mensagem nas suas redes sociais, na qual confirmou as conversas com o seu "querido amigo" Lavrov e assinalou que ambos coincidiram em assinalar "o excelente estado das relações entre Cuba e a Rússia".

Pelo lado norte-americano, uma fonte da administração fez eco à AP da ausência de transporte de armas nucleares na frota russa e afirmou ainda que estas operações "não representam uma ameaça direta para os Estados Unidos".

A ação desta quarta-feira foi caracterizada como uma projeção de força à medida que crescem as tensões devido ao apoio ocidental à Ucrânia e menos de duas semanas depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter autorizado a Ucrânia a utilizar armas que recebeu do país para atacar dentro da Rússia, visando a proteção de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.

Em resposta, o Presidente russo, Vladimir Putin, já sugeriu que os seus militares poderiam responder com "medidas assimétricas" noutras partes do mundo.

A Rússia é um aliado de longa data da Venezuela e de Cuba, e os seus navios de guerra e aviões têm feito incursões periódicas nas Caraíbas.

"Acima de tudo, os navios de guerra recordam a Washington que é desagradável quando um adversário se intromete no nosso país", analisou Benjamin Gedan, diretor do Programa para a América Latina do Centro de Estudos Wilson, com sede em Washington, referindo-se ao envolvimento do Ocidente na guerra da Rússia na Ucrânia.

"Também lembra aos amigos da Rússia na região, incluindo os antagonistas dos EUA, Cuba e Venezuela, que Moscovo está do seu lado", acrescentou.

Os navios russos têm ocasionalmente atracado em Havana desde 2008, quando um grupo de navios russos entrou em águas cubanas no que os meios de comunicação estatais descreveram como a primeira visita deste tipo em quase duas décadas.

Em 2015, um navio de reconhecimento e comunicação chegou a Havana sem aviso prévio, um dia antes do início das discussões entre autoridades americanas e cubanas sobre a reabertura das relações diplomáticas.

Um porta-voz do Departamento de Estado disse à AP que as escalas da Rússia em Cuba são "visitas navais de rotina", embora reconheça que os seus exercícios militares "aumentaram devido ao apoio dos EUA à Ucrânia e à atividade de exercício em apoio aos aliados da NATO".

O momento da missão deste ano pode servir os propósitos da Rússia, mas também coloca questões sobre se o governo da Venezuela pode usá-la como uma oportunidade para reforçar a candidatura do presidente Nicolás Maduro a um terceiro mandato na eleição de 28 de julho.

A principal coligação da oposição venezuelana está a ameaçar o domínio de décadas do partido no poder, e a criação de uma crise baseada em tensões latentes com a Guiana está entre os cenários que os analistas acreditam que o governo de Maduro poderia usar para adiar ou cancelar a votação.

Leia Também: Força Aérea monitoriza passagem de navio russo a sul do Algarve

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