"Junto-me aos Estados Unidos [da América] no apelo para libertar Evan Gershkovich. Ele é jornalista e estava apenas a fazer trabalho jornalístico, como acontece quando a imprensa é livre", disse Jens Stoltenberg em conferência de imprensa na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas.
O Ministério Público russo anunciou hoje que o jornalista norte-americano de 32 anos vai ser julgado pelo crime de espionagem.
O correspondente do The Wall Street Journal foi detido em março de 2023 e o Ministério Público russo acusa-o de recolher informações sobre uma fábrica de carros de combate da empresa Uralvagonzavod para a CIA (os serviços de informação norte-americanos).
Em comunicado, o jornal The Wall Street Journal condenou o que considerou tratar-se de "uma farsa escandalosa" da Justiça e apelou ao Governo dos Estados Unidos para que "ajude a garantir a libertação imediata" do jornalista.
"Evan Gershkovich é objeto de acusações falsas e infundadas. O passo que a Rússia acaba de dar para organizar um julgamento fictício não é surpreendente, mas altamente dececionante e igualmente escandaloso", escreveram os diretores do jornal norte-americano na nota informativa.
Evan Gershkovich rejeita as acusações de "espionagem", assim como o fazem os Estados Unidos, o jornal em que trabalha, o seu círculo próximo e a sua família.
Repórter do The Wall Street Journal, Evan Gershkovich foi detido pelo FSB (serviços secretos russos, herdeiros do soviético KGB) durante uma reportagem em Ekaterinburg, nos Urais, e incorre numa pena até 20 anos de prisão.
A Rússia nunca fundamentou as acusações e nem apresentou publicamente quaisquer provas. Todo o processo foi classificado como secreto.
Gershkovich está na prisão de Lefortovo, em Moscovo, conhecida pelas duras condições e o prazo da prisão preventiva termina no próximo dia 30.
"Continuamos a exigir a libertação imediata de Evan Gershkovich. Esperávamos evitar este momento e esperamos agora que o Governo dos Estados Unidos redobre os seus esforços para garantir a libertação", referiram ainda os diretores do jornal.
Gershkovich é o primeiro repórter norte-americano a ser detido sob acusação de espionagem na Rússia desde setembro de 1986, quando Nicholas Daniloff, correspondente em Moscovo do U.S. News and World Report, foi detido pelas autoridades de segurança russas.
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