A Nova Frente Popular reconhece uma "explosão preocupante e sem precedentes" de "atos racistas, antissemitas e islamofóbicos" desde então.
A caracterização dos ataques de 07 de outubro de 2023 no território israelita por parte do movimento islamita Hamas, que desencadearam a atual guerra em Gaza, dividiu a esquerda francesa, com o partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical), em particular, a recusar equiparar o Hamas a um movimento terrorista.
O programa, resultado de negociações difíceis entre os partidos, apela para que se "atue no sentido da libertação dos reféns detidos desde os massacres terroristas do Hamas", mas também da "libertação dos presos políticos palestinianos".
A aliança de esquerda promete também "romper com o apoio culposo do governo francês ao governo supremacista de extrema-direita de (Benjamin) Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] para impor um cessar-fogo imediato em Gaza e garantir o cumprimento da ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que refere inequivocamente um risco de genocídio".
No texto defende-se o "reconhecimento imediato do Estado da Palestina, a par do Estado de Israel, com base nas resoluções da ONU", o "embargo ao fornecimento de armas a Israel" por parte de Paris e a realização de eleições livres na Palestina sob controlo internacional.
Também relativamente à guerra na Ucrânia, outro ponto de discórdia à esquerda, a Nova Frente Popular compromete-se a "defender indefetivelmente a soberania e a liberdade do povo ucraniano" e a fornecer a Kiev as armas "necessárias". A coligação propõe igualmente "enviar forças de manutenção da paz para proteger as centrais nucleares" na Ucrânia.
No plano interno, os partidos de esquerda comprometeram-se a revogar a lei da imigração aprovada em dezembro com o apoio da extrema-direita, que restringe nomeadamente o direito de asilo.
A aliança de esquerda promete também anular imediatamente a iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, que aumenta a idade da reforma dos 62 para 64 anos, adotada na primavera de 2023 sem votação dos deputados, apesar dos protestos generalizados nas ruas.
Os partidos de esquerda franceses, Partido Socialista, o ecologista EELV, França Insubmissa e Partido Comunista Francês, anunciaram na quinta-feira que tinham alcançado um acordo final para criar a Nova Frente Popular face às eleições legislativas antecipadas.
Na sequência da decisão do Presidente francês de dissolver o Parlamento com a vitória destacada do partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) nas eleições europeias no domingo, as eleições legislativas em França ficaram marcadas para 30 de junho e 07 de julho, já que o sistema eleitoral prevê a realização de duas voltas.
As alianças entre partidos de esquerda e partidos de direita, levaram o chefe de Estado francês a condenar, numa conferência de imprensa na quarta-feira, as "reviravoltas" e as "alianças profanas nos dois extremos, [entre parceiros] que não estão de acordo em quase nada, para além dos cargos a partilhar, e que não serão capazes de implementar qualquer programa".
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