A missão da ONU no sul do Líbano (UNIFIL) conta com 10.147 capacetes azuis de 49 países.
"Temos regras a seguir para garantir a segurança da força de manutenção da paz, aconteça o que acontecer", afirmou Guterres, embora reiterando que a principal preocupação é "impedir uma escalada dramática que seria um desastre para a região".
O responsável máximo das Nações Unidas convocou esta conferência de imprensa especificamente para ler uma declaração sobre as atuais tensões ao longo da Linha Azul, como é designada a fronteira entre Israel e o Líbano, que não é oficialmente reconhecida pelos dois países.
Nos últimos meses, e coincidindo com a guerra na Faixa de Gaza, os guerrilheiros libaneses do grupo xiita Hezbollah lançaram numerosos ataques contra Israel, aos quais o Exército israelita respondeu, com bombardeamentos que custaram a vida a cerca de 500 pessoas, a maioria das quais do lado libanês e nas fileiras do Hezbollah, que confirmou cerca de 320 baixas entre os seus combatentes e pelo menos 70 civis mortos, entre os quais dez menores e três jornalistas.
O fogo cruzado na fronteira entre o sul do Líbano e o norte de Israel fez também 93.000 civis deslocados do lado libanês e 60.000 do lado israelita.
Em relação à tensão entre os dois países vizinhos, que hoje parece ter diminuído um pouco em comparação com os últimos dias, Guterres recordou que o risco de um conflito aberto em todo o Médio Oriente "é real e deve ser evitado, pois um passo em falso pode provocar uma catástrofe que vai além das fronteiras e da imaginação".
"Os povos da região e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se transforme noutra Gaza", sustentou Guterres, referindo-se (mas sem a nomear) à última guerra aberta entre o Hezbollah e Israel, em 2006.
As trocas de fogo na fronteira entre os dois países começaram a 08 de outubro, um dia após o início da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas em Gaza, e como demonstração de solidariedade por parte do Hezbollah, mas a intensificação do fogo cruzado nas últimas semanas fez temer uma guerra aberta entre as duas partes, como a que ocorreu em 2006.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 259.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 37.473 mortos e 85.700 feridos, além de cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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