ONU tem "planos muito detalhados" para proteger missão no Líbano

As Nações Unidas têm "planos de proteção muito detalhados" para os seus capacetes azuis destacados no sul do Líbano, "em caso de explosão total" no Médio Oriente, declarou hoje o secretário-geral, António Guterres, numa conferência de imprensa.

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© Hannes P Albert/picture alliance via Getty Images

Lusa
21/06/2024 20:37 ‧ 21/06/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

A missão da ONU no sul do Líbano (UNIFIL) conta com 10.147 capacetes azuis de 49 países.

"Temos regras a seguir para garantir a segurança da força de manutenção da paz, aconteça o que acontecer", afirmou Guterres, embora reiterando que a principal preocupação é "impedir uma escalada dramática que seria um desastre para a região".

O responsável máximo das Nações Unidas convocou esta conferência de imprensa especificamente para ler uma declaração sobre as atuais tensões ao longo da Linha Azul, como é designada a fronteira entre Israel e o Líbano, que não é oficialmente reconhecida pelos dois países.

Nos últimos meses, e coincidindo com a guerra na Faixa de Gaza, os guerrilheiros libaneses do grupo xiita Hezbollah lançaram numerosos ataques contra Israel, aos quais o Exército israelita respondeu, com bombardeamentos que custaram a vida a cerca de 500 pessoas, a maioria das quais do lado libanês e nas fileiras do Hezbollah, que confirmou cerca de 320 baixas entre os seus combatentes e pelo menos 70 civis mortos, entre os quais dez menores e três jornalistas.

O fogo cruzado na fronteira entre o sul do Líbano e o norte de Israel fez também 93.000 civis deslocados do lado libanês e 60.000 do lado israelita.

Em relação à tensão entre os dois países vizinhos, que hoje parece ter diminuído um pouco em comparação com os últimos dias, Guterres recordou que o risco de um conflito aberto em todo o Médio Oriente "é real e deve ser evitado, pois um passo em falso pode provocar uma catástrofe que vai além das fronteiras e da imaginação".

"Os povos da região e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se transforme noutra Gaza", sustentou Guterres, referindo-se (mas sem a nomear) à última guerra aberta entre o Hezbollah e Israel, em 2006.

As trocas de fogo na fronteira entre os dois países começaram a 08 de outubro, um dia após o início da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas em Gaza, e como demonstração de solidariedade por parte do Hezbollah, mas a intensificação do fogo cruzado nas últimas semanas fez temer uma guerra aberta entre as duas partes, como a que ocorreu em 2006.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 259.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 37.473 mortos e 85.700 feridos, além de cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: "Povos do mundo não podem permitir que Líbano se torne outra Gaza"

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