Pequim elogiou Julian Assange por dar a "conhecer a verdade"

Pequim considera que o trabalho realizado pelo fundador da WikiLeaks, Julian Assange, libertado em Londres após um acordo com a justiça norte-americana, permitiu ao mundo "conhecer melhor a verdade".

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Lusa
25/06/2024 12:15 ‧ 25/06/2024 por Lusa

Mundo

Julian Assange

"Quero dizer que as informações relevantes divulgadas pela (plataforma) WikiLeaks permitiram à comunidade internacional conhecer melhor os factos e a verdade", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mesmo assim, a porta-voz afirmou que, apesar de ter conhecimento de "informações relevantes" sobre a libertação de Assange, a diplomacia chinesa não faz comentários sobre a "situação específica".

Assange encontra-se a caminho das ilhas Marianas, território ultramarino norte-americano no Pacífico, onde o acordo vai ser formalizado.

No dia 27 de março, a República Popular da China manifestou solidariedade para com o jornalista australiano e apelou à "equidade e justiça" no caso de Assange. 

Segundo Pequim, Assange "expôs uma grande quantidade de informação secreta sobre as guerras dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque e revelou também o facto de a CIA levar a cabo todo o tipo de ataques cibernéticos".

O portal WikiLeaks anunciou segunda-feira, que Assange, 52 anos, de nacionalidade australiana, deixou a prisão de alta segurança de Belmarsh, Reino Unido, onde se encontrava detido, já tinha abandonado o país, com o objetivo de regressar à Austrália.

O anúncio ocorre depois de documentos judiciais terem revelado que Assange chegou a um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que vai permitir o regresso à Austrália.

Assange vai comparecer em tribunal, quarta-feira, nas Ilhas Marianas onde se vai declarar culpado de uma das 18 acusações de que é alvo por ter divulgado informações secretas dos Estados Unidos na década de 2010.

Em troca, vai ser condenado a uma pena de 62 meses de prisão, equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão britânica de alta segurança, para finalizar o acordo com o Departamento de Justiça.

A justiça norte-americana acusou Assange de 18 crimes por violar a Lei de Espionagem no quadro de uma das maiores fugas de informação classificada da história dos Estados Unidos, em 2010, que revelou segredos das guerras no Iraque e no Afeganistão, bem como dados sobre os detidos na base de Guantánamo, entre outros assuntos.

Em 2019, o jornalista foi detido depois de a embaixada do Equador em Londres, onde Assange se refugiou durante sete anos, ter retirado o asilo que lhe tinha sido concedido em 2012.

A imagem de Assange foi muitas vezes afetada ao longo dos anos, em especial quando a plataforma WikiLeaks divulgou milhares de e-mails pirateados do Partido Democrata dos Estados Unidos e da equipa de Hillary Clinton em 2016, durante a campanha presidencial norte-americana.

Na altura, estas revelações mereceram elogios do candidato republicano Donald Trump.

Segundo a CIA, os documentos foram obtidos por agentes russos, mas a WikiLeaks negou.

Em 2011, os cinco jornais (entre os quais o New York Times, Guardian e Le Monde) associados à plataforma WikiLeaks condenaram o método da plataforma de tornar públicos telegramas do Departamento de Estado dos Estados Unidos não editados, argumentando que eram suscetíveis de "colocar em perigo certas fontes".

Mas, no final de 2022, os mesmos jornais apelaram à Administração norte-americana para que retirasse as acusações contra Julian Assange.

Leia Também: ONU saúda fim da detenção de fundador da WikiLeaks

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