Os dois líderes participam esta semana no fórum de líderes dos países-membros da Organização de Cooperação de Xangai, na capital do Cazaquistão, Astana.
Xi Jinping e Vladimir Putin reuniram-se pela última vez em maio, quando o líder do Kremlin visitou Pequim para sublinhar a estreita parceria, que se opõe à ordem democrática liderada pelos Estados Unidos e procura promover um mundo "multipolar".
"Os nossos líderes reunir-se-ão durante uma cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, em Astana, em julho", disse o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, em maio, numa reunião com o homólogo chinês, Wang Yi.
Wang disse então a Lavrov que China e Rússia devem reforçar o apoio mútuo e aumentar os esforços conjuntos para garantir a estabilidade na região que partilham.
"As duas partes devem preparar-se para um compromisso bilateral ao longo do ano, continuar a aumentar o apoio mútuo, estabilizar os fundamentos da cooperação e manter a segurança e a estabilidade na vizinhança comum sino-russa", afirmou Wang, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
A Organização de Cooperação de Xangai foi criada em 2001 pela China e pela Rússia para debater as questões de segurança na Ásia Central e em toda a região. Os outros países-membros são Irão, Índia, Paquistão, Cazaquistão, Quirguizistão, Tajiquistão e Uzbequistão. Os Estados observadores e parceiros de diálogo incluem a Turquia, a Arábia Saudita e o Egito.
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, estará também presente porque o país está prestes a tornar-se membro.
Também estará presente o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que se encontra em visita à Ásia Central.
Putin quer mostrar que a Rússia não está isolada por causa das sanções ocidentais decorrentes da invasão da Ucrânia em 2022. O Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura contra Putin por crimes de guerra, acusando-o de responsabilidade pessoal pelo rapto de crianças da Ucrânia. O Cazaquistão não faz parte do Estatuto de Roma, pelo que não é obrigado a proceder à detenção.
Para Putin, a reunião tem a ver com "prestígio e com a ótica simbólica de que não está sozinho", disse Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie Rússia-Eurásia.
A reunião é mais uma oportunidade para Putin e Xi demonstrarem os fortes laços pessoais da "parceria estratégica", numa altura em que ambos enfrentam tensões crescentes com o Ocidente. Os dois líderes já se encontraram mais de 40 vezes.
A China é o principal aliado diplomático da Rússia e um dos principais mercados para o petróleo e gás russos. Moscovo depende de Pequim como principal fonte de importações de alta tecnologia para manter a máquina militar em funcionamento.
A Organização de Cooperação de Xangai ajuda a China a projetar influência, especialmente na Ásia Central e no Sul Global. Na semana passada, Xi apelou para a criação de "pontes de comunicação" entre os países e pretende continuar a promover a China como uma alternativa aos EUA e aliados.
A luta contra o terrorismo é uma das principais prioridades da organização. Este ano, a Rússia sofreu dois ataques terroristas, com mais de 145 pessoas mortas por homens armados numa sala de concertos em Moscovo, em março, e pelo menos 21 pessoas mortas em ataques contra a polícia e casas de culto no Daguestão, em junho.
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