Keir Starmer será o novo primeiro-ministro do Reino Unido. O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, conquistou a maioria absoluta, com 410 deputados de um total de 650, ao passo que o Partido Conservador, anteriormente no Governo, apenas elegeu 131 deputados. Rishi Sunak já pediu desculpa pelo mau resultado e o novo primeiro-ministro do país promete mudanças. Em contraciclo com a maioria dos países europeus, o país faz uma 'U-turn' (inversão de marcha) à Esquerda após 14 anos. O que se avizinha no Reino Unido?
De pouco carismático a líder do país
Descrito pelos detratores como aborrecido e pouco carismático, Keir Starmer conseguiu transformar o Partido Trabalhista ao ponto de o conduzir a uma projetada esmagadora vitória nas legislativas e abrir as portas do n.º 10 de Downing Street.
Após 14 anos de liderança conservadora, Starmer reorientou o partido da esquerda para o centro político com a mensagem para os eleitores de que um governo trabalhista fará reformas, mas sem radicalismos.
Há quem o acuse falta de carisma político, outros há que acreditam que o facto de não ser um político radical poderá ser a mudança necessária para trazer calma e estabilidade ao país, depois de lideranças tempestuosas, como foram de Boris Johnson ou Liz Truss.
O que vai mudar no Parlamento britânico?
Longe da liderança desde 2019, os resultados desta quinta-feira originam uma mudança para já de partido à frente do Governo. Starmer terá a difícil tarefa de pegar no país e assumir várias "escolhas difíceis" e, para isso, de acordo com os dados provisórios da BBC, contará com 410 deputados no Parlamento, mais 210 que na legislatura anterior. Já o Partido Conservador perde 248 deputados e passa a estar representado por 119 membros do partido.
Seguem-se os Liberais Democratas com um total de 71 deputados (mais 61), o Scottish National Party que perdeu 38 deputados e fica apenas com 8 e o Sinn Fein, movimento político da Irlanda do Norte, que consegue eleger 7 deputados. Os restantes partidos, na sua totalidade, possuem 26 deputados.
Cinco membros do governo conservador britânico perderam os lugares de deputados. Grant Sharps (Defesa), Alex Chalk (Justiça), Gillian Keegan (Educação) e Johnny Mercer (Veteranos), e o secretário de Estado Justin Tomlinson (Energia) protagonizaram o chamado "momento Portillo" ao serem vítimas da 'avalanche trabalhista'.
Dos resultados há ainda a notar que, à oitava vez, o antigo eurodeputado britânico Nigel Farage, atual líder do Partido Reformista (Reform UK) foi eleito pelo círculo de Clacton-on-Sea, no sudeste de Inglaterra, consolidando o avanço da formação de direita populista.
A votos foi também o luso-britânico Pedro da Conceição, que apesar de ter conseguido apenas 213 votos, manifestou-se hoje orgulhoso do resultado conseguido aos 18 anos de idade.
Um pedido de desculpas e uma promessa de "mudança"
O primeiro-ministro, Rishi Sunak, já reconheceu a vitória do Partido Trabalhista nas eleições legislativas britânicas e pediu desculpa aos Conservadores pela perda de muitos deputados.
Já o futuro primeiro-ministro do pais, após o anúncio dos resultados, agradeceu o apoio e prometeu defender todos, incluindo os que não votaram nele.
Note-se que os resultados finais deverão ser confirmados durante o dia de hoje, e um novo primeiro-ministro indigitado pelo rei Carlos III será encarregado de formar governo. A mudança no Reino Unido tem início agendado para o 12h00 de hoje, momento em que, segundo o The Guardian, Keir Starmer se apresentará perante o rei para proceder à mudança de pasta.
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