Numa antecipação da Cimeira, que decorrerá de 9 a 11 de julho na capital norte-americana e em que se assinalarão os 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), o CSIS avaliou que embora um convite formal de adesão não esteja no horizonte, os aliados precisarão de demonstrar que o futuro de Kyiv na NATO é mais do que uma metáfora.
Quando se encontrou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na semana passada para se preparar para a cimeira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a Ucrânia estará "no topo da agenda" da cimeira.
Antes disso, também o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, indicou que durante a Cimeira serão tomadas "medidas concretas" para aproximar Kyiv da Aliança Atlântica e "garantir que haja uma ponte para a adesão, uma ponte que seja forte e bem iluminada".
Além disso, as ambições de Kyiv por uma integração europeia mais profunda avançaram na semana passada, quando iniciou as negociações formais de adesão com a União Europeia.
Com a adesão de Kyiv à NATO a pairar sobre os aliados, os analista do CSIS antecipam que a Cimeira de Washington poderá render mais compromissos de assistência prática à Ucrânia, especialmente se concordarem com a ideia de Stoltenberg de um compromisso de cinco anos e 100 mil milhões de dólares (92,7 mil milhões de euros) em ajuda militar a Kyiv.
"Uma proposta relatada é que os aliados se comprometam a manter os níveis atuais de apoio (cerca de 40 mil milhões de dólares - 37 mil milhões de euros - anualmente), com contribuições futuras proporcionais ao Produtos Interno Bruno (PIB), semelhante à promessa de gastos com defesa de 2%", indicou o 'think tank'
De acordo com o Almirante Rob Bauer, presidente do Comité Militar da NATO, quando tomadas em conjunto essas medidas sinalizarão ainda mais o apoio de longo prazo da aliança à Ucrânia, ao mesmo tempo em que tornarão a assistência mais estável e previsível.
"Para cumprir a sua promessa de Vílnius [capital da Lituânia, que sediou a Cimeira de 2023], os aliados da NATO estarão interessados em colocar em Washington a Ucrânia num caminho para se tornar um parceiro militarmente capaz e interoperável para que, quando o momento político chegar, as forças da Ucrânia possam integrar-se perfeitamente com as da NATO --- assim como as da Finlândia e da Suécia", avaliou a organização sem fins lucrativos de investigação política.
Num olhar mais alargado sobre a Cimeira, os analistas frisam que os Estados-membros precisarão de concordar com quatro pontos: mais dinheiro, mais poder de combate, mais capacidades e mais cooperação.
Além disso, os aliados da NATO estão cada vez mais convictos que os desafios que a aliança enfrenta se tornaram interligados com outras regiões.
Por exemplo, 40% do comércio da Europa passa pelo Mar do sul da China cada vez mais contestado, enquanto a guerra da Rússia na Ucrânia foi sustentada por importações de munições norte-coreanas e bens chineses de uso duplo.
Nesse sentido, também as parcerias indo-pacíficas serão um tema principal da Cimeira de Washington.
De acordo com Jens Stoltenberg, a Cimeira da NATO em Washington irá concentrar-se em três tópicos principais: impulsionar a defesa dos aliados e a dissuasão aliadas; apoiar os esforços da Ucrânia para se defender; e continuar a fortalecer as parcerias globais da NATO "especialmente no Indo-Pacífico".
A Cimeira será a última de Stoltenberg, que será sucedido no cargo pelo chefe cessante do Governo neerlandês, Mark Rutte.
Leia Também: Eleição dos EUA "altamente relevante" para aliados da NATO