Governo do Zimbabué reprime oposição e organizações da sociedade civil

A Human Rights Watch (HRW) acusou hoje o Governo do Zimbabué de reprimir a oposição e organizações da sociedade civil, numa altura em que a nação vai acolher uma cimeira regional em agosto.

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© Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
08/07/2024 19:43 ‧ 08/07/2024 por Lusa

Mundo

HRW

"O Governo do Presidente, [Emmerson] Mnangagwa, está a acelerar a repressão do ativismo legítimo e pacífico no período que antecede a cimeira", afirmou o diretor da HRW em África, Allan Ngari.

O Zimbabué, país que faz fronteira com Moçambique, vai receber os chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Harare, a capital, em 17 de agosto.

Segundo a HRW, a polícia deteve dezenas de pessoas nas últimas semanas, incluindo o líder da oposição, Jameson Timba, e perturbou os comícios da oposição.

Jameson Timba, que assumiu a liderança do principal grupo da oposição, a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC), após a demissão do anterior líder, Nelson Chamisa, em janeiro, foi detido em junho, juntamente com mais de 70 ativistas, durante uma rusga policial à sua casa.

Os detidos foram acusados de perturbação da paz e de participação numa reunião ilegal.

Numa audiência para a concessão de fiança, os advogados dos detidos acusaram a polícia de usar força excessiva, de disparar gás lacrimogéneo para uma residência privada e de espancar e torturar os seus clientes.

A fiança foi recusada e os arguidos estão a aguardar julgamento.

De acordo com a organização de direitos humanos, a polícia também perturbou um evento comemorativo em honra de um opositor morto em 2022, detendo várias pessoas no processo.

A HRW apelou ainda à SADC para que tome uma posição contra a repressão.

"A SADC deve promover o respeito pelos direitos humanos, apelando ao Governo do Zimbabué para que ponha fim à repressão e às detenções arbitrárias e aos processos judiciais contra ativistas e apoiantes da oposição", afirmou Ngari.

"O clima generalizado de intimidação e repressão tem de acabar", instou.

O Governo foi contactado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), mas recusou-se a comentar as acusações.

Em 2023, a oposição no Zimbabué enfrentou uma onda de detenções na sequência das eleições contestadas de 23 de agosto.

A União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla em inglês), o partido no poder desde a independência do país em 1980, é há muito acusada de "sufocar" a oposição.

Leia Também: Israel. HRW defende que fornecedores de armas devem compensar vítimas

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