Metsola foi reconduzida no cargo até ao início de 2027 com uma maioria de 562 votos e por aclamação, no primeiro dia da sessão plenária inaugural do novo Parlamento Europeu, saído das eleições europeias de junho passado.
Em 2022, aos 43 anos, Roberta Metsola, uma democrata-cristã da ala mais liberal do Partido Popular Europeu (PPE), tornou-se a pessoa mais jovem e a primeira maltesa a presidir a uma instituição da União Europeia (UE), bem como a terceira mulher a presidir ao Parlamento Europeu, depois das francesas Simone Veil (1979-1982) e Nicole Fontaine (1999-2002).
Depois do social-democrata alemão Martin Schulz, será também a segunda pessoa a ocupar a presidência do Parlamento Europeu durante dois mandatos consecutivos.
Caracterizada como carismática e bem relacionada com os outros grupos políticos devido ao seu trabalho em comissões importantes, nomeadamente a Comissão das Liberdades Cívicas, quando era eurodeputada, passou grande parte dos últimos dois anos e meio a gerir crises internas, como foi o caso do escândalo de corrupção 'Qatargate', que abalou o Parlamento Europeu e que levou à tomada de decisões para evitar que algo semelhante se repita.
Mas no seu primeiro mandato, Metsola também teve de liderar a resposta da instituição a grandes desafios externos, como a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão russa.
"Para renovar o nosso compromisso com a Europa, temos de não ter medo de enfrentar os autocratas. Não ter medo de viver de acordo a nossa promessa. Não ter medo de defender a Europa. Sem medo de continuar a construir uma União que funcione para todos nós", afirmou hoje Metsola em Estrasburgo, França, num discurso proferido momentos depois da sua reeleição.
Nestas primeiras palavras, a política maltesa frisou ainda que o Parlamento Europeu "quer construir em vez de destruir" e defendeu que será necessário criar um novo quadro de segurança e defesa que mantenha as pessoas seguras e também "contrarie os sonhos expansionistas dos ditadores da vizinhança" do bloco comunitário.
Eurodeputada desde 2013, desde cedo o percurso de Roberta Metsola parecia apontá-la à Europa e à UE. Formada em Direito e Política no conceituado Colégio da Europa, em Bruges, Bélgica, foi das primeiras estudantes do seu país a participar no programa Erasmus e, ainda estudante, participou nas campanhas pelo "Sim" no referendo de adesão de Malta à UE, em 2003.
Casada com um finlandês, mãe de quatro crianças, Metsola candidatou-se pela primeira vez ao Parlamento Europeu em 2004, apenas com 25 anos, não tendo na altura conseguido ser eleita, mas meses mais tarde passou a integrar a representação permanente de Malta na UE, em Bruxelas, como conselheira legal.
Em 2009 voltou a falhar a eleição para o Parlamento Europeu e, em 2012, deixou a representação maltesa em Bruxelas para entrar no corpo diplomático da União, o Serviço Europeu de Ação Externa, também como assessora legal, mas aí só ficou sensivelmente um ano, pois conseguiu finalmente ser eleita em 2013, para substituir um eurodeputado, Simon Busuttil, que abandonou funções prematuramente para assumir a oposição política em Malta.
Reeleita em 2014 e 2019, destacou-se pelo seu trabalho na comissão parlamentar de Liberdades Cívicas -- e em dossiês delicados como migrações e Estado de direito -, e chegou a primeira vice-presidente da assembleia.
Foi nessa condição que assumiu interinamente a presidência do Parlamento Europeu durante um período de dois meses devido à ausência, por motivos de saúde, do então líder da assembleia, o italiano David Sassoli.
Sassoli acabou por morrer em janeiro de 2022 e Metsola foi eleita e formalizada como a nova líder do Parlamento Europeu.
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