ONG acusa Hamas de ter cometido crimes contra a humanidade a 7 de outubro

A Human Rights Watch (HRW) determinou que o movimento islamita Hamas cometeu "vários crimes de guerra e crimes contra a humanidade" nos ataques em Israel de 07 de outubro, nos quais morreram quase 1.200 pessoas e 251 foram sequestradas.

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© ARIS MESSINIS/AFP via Getty Images

Lusa
17/07/2024 09:21 ‧ 17/07/2024 por Lusa

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Israel

"A investigação da HRW concluiu que o ataques liderado pelo Hamas a 07 de outubro estava pensado para matar civis e sequestrar tantas pessoas quanto possível", indicou a diretora de crises e conflito da organização não-governamental (ONG), Ida Sawyer, no último relatório.

 

No documento, a HRW concluiu que os comandos do Hamas cometeram vários crimes de lesa humanidade: ter por alvo civis, homicídio deliberado de pessoas detidas, tratamento cruel e desumano, violência sexual e de género, tomada de reféns, mutilação e saque de cadáveres, uso de escudos humanos e pilhagens.

O princípio básico de direito humanitário é que todas as partes em conflito devem distinguir em qualquer momento entre combatentes e civis, "que nunca devem ser alvo de um ataque", lembrou.

A HRW destacou que 815 das 1.195 personas assassinadas naquele dia eram civis. E dos 251 sequestrados, dos quais 116 continuam em Gaza, 42 já mortos, a maioria é civil.

Estes atos não foram "uma ocorrência tardia, um plano falhado ou atos isolados", afirmou a ONG, que estudou testemunhos de vítimas, familiares, equipas de socorro e peritos médicos, além de mais de 280 fotografias e vídeos do assalto.

"As autoridades do Hamas responderam às perguntas da HRW, assegurando ter ordenado às suas forças para não atacarem civis e não se desviarem dos direitos humanos e do direito humanitário", disse a HRW, que garantiu "ter encontrado provas do contrário".

Em um dos vídeos do ataque veem-se milicianos a procurar ativamente civis e a matá-los, ficando provada a intencionalidade dos ataques e a tomada de reféns, "planeada e altamente coordenada".

HRW disse precisar uma maior investigação para provar outros crimes, como a perseguição de grupos identificáveis por motivos raciais, étnicos ou religiosos ou violações e outros atos de violência sexual.

Por outro lado, a ONG destacou que Israel cometeu crimes contra a humanidade ao realizar um castigo coletivo contra a população de da Faixa de Gaza, depois dos ataques, definido pelo corte dos serviços essenciais e a limitação da entrada de ajuda humanitária no enclave, onde desde 07 de outubro até agora morreram mais de 38.700 palestinianos pela ofensiva militar.

Este castigo "agrava o impacto dos mais de 17 anos de encerramento ilegal de Gaza por parte de Israel", país que acusou de cometer "crimes de 'apartheid' e perseguição contra os palestinianos".

HRW pediu a todas as partes para que respeitem o direito humanitário e às milícias palestinianas de Gaza para libertarem "imediatamente e incondicionalmente os civis que mantêm como reféns".

"Devem tomar medidas disciplinares contra os membros responsáveis por crimes de guerra e entregar para serem processados qualquer pessoas que enfrente uma ordem de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI)", disse a ONG.

A 20 de maio, o procurador-geral do TPI emitiu mandados de captura para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ministro da Defesa, Yoav Gallant, e os líderes do Hamas, Yahya Sinwar, Ismail Haniyeh e Mohamed Deif.

Deif foi alvo de um ataque israelita, no sábado, em Mawasi, no sul da Faixa de Gaza, sem que tenha sido confirmada a morte.

Leia Também: Hamas e outras milícias reúnem-se na China para discutir futuro de Gaza

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