"Não posso começar sem expressar o quanto estou grata pela confiança da maioria do Parlamento Europeu, com 401 votos a favor. Lembram-se da última vez, em que houve oito votos acima da maioria necessária, mas desta vez o resultado foi muito melhor", disse a líder do executivo comunitário, falando à margem da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo.
Falando em conferência de imprensa após ter sido hoje reconduzida no cargo de presidente da Comissão Europeia por mais cinco anos - com 401 votos favoráveis dos eurodeputados na votação em plenário, acima dos 360 necessários -, Ursula von der Leyen destacou que tal apoio "envia uma forte mensagem de confiança", nomeadamente após o "trabalho árduo dos últimos cinco anos", em que a União Europeia (UE) enfrentou desafios como os da pandemia de covid-19 e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
Questionada sobre a aproximação aos Conservadores (nomeadamente do partido Irmãos de Itália, da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni), além do diálogo com socialistas e liberais, a responsável (de centro-direita) disse que "o resultado mostra que a abordagem foi a correta".
"Trabalhámos arduamente durante toda a campanha eleitoral e para juntar todas as forças democráticas e ter uma maioria no centro para uma Europa forte e, por conseguinte, a abordagem de incluir todos aqueles que são a favor da Europa, da Ucrânia, do Estado de direito [...] foi a correta", vincou Ursula von der Leyen.
Nestas curtas declarações à imprensa, a presidente eleita da Comissão Europeia mencionou ainda os próximos passos.
"Vou concentrar-me agora na constituição da minha equipa de comissários para os próximos cinco anos e, nas próximas semanas, pedirei aos líderes [da UE] que apresentem os seus candidatos. Tal como da última vez, escreverei uma carta e solicitarei a proposta de um homem e de uma mulher como candidatos, sendo que a única exceção, tal como da última vez, é quando há um comissário em exercício nesse Estado", elencou.
Ursula von der Leyen precisou que, de seguida, irá "entrevistar os candidatos a partir de meados de agosto para escolher os candidatos mais bem preparados e que partilhem o compromisso europeu".
"Mais uma vez, o meu objetivo será conseguir uma quota-parte igual de homens e mulheres no colégio de comissários", adiantou.
A votação de hoje ocorreu na primeira sessão plenária da nova legislatura da assembleia europeia, com a política alemã de centro-direita Ursula von der Leyen a conquistar 401 votos favoráveis, 284 contra, 15 abstenções e sete inválidos.
Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu em julho de 2019 com 383 votos a favor, numa votação renhida.
Ursula von der Leyen é presidente da Comissão desde dezembro de 2019 e foi a candidata cabeça de lista do Partido Popular Europeu (PPE) nas eleições europeias de junho.
Na sequência das eleições de junho e das recentes alterações partidárias no Parlamento Europeu, o PPE é o grupo que dispõe de mais lugares (188), seguido pelos Socialistas (136) e pela nova família política de extrema-direita Patriotas pela Europa (84).
De acordo com a mais recente distribuição da assembleia europeia, os Conservadores e Reformistas ocupam 78 assentos, os Liberais um total de 77, sendo seguidos pelos Verdes (53) e pela Esquerda (46).
Os 401 votos favoráveis correspondem, aliás, à soma dos três partidos incluídos no acordo sobre os cargos de topo da UE -- PPE, Socialistas e Liberais --, sendo que nem todos os eleitos destas bancadas votaram a favor da recondução de Von der Leyen.
Ainda antes do voto, os Verdes anunciaram que iriam apoiar a reeleição da responsável.
[Notícia atualizada às 14h47]
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