De acordo com Salvini, que é também ministro dos Transportes na coligação de direita e extrema-direita que governa Itália, Von der Leyen foi reeleita através de mais um acordo de bastidores, que representa "uma bofetada" a "milhões de cidadãos que exigiam uma mudança clara em Bruxelas".
Numa publicação na sua conta na rede social X (antigo Twitter), Salvini considera que a recondução de Ursula von der Leyen representa "novos impostos verdes, desembarques [de imigrantes] e guerra" na Ucrânia, mas garante que o seu partido, a Liga, "juntamente com os Patriotas" pela Europa -- que, vinca, é agora a terceira maior bancada do Parlamento Europeu -- "não ficará de braços cruzados, defendendo a todo o custo a segurança, o emprego e o orgulho dos italianos".
Con la complicità dell’ennesimo inciucio, eletta Ursula Von der Leyen a capo della Commissione europea.
— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) July 18, 2024
Un altro schiaffo a colpi di nuove tasse green, sbarchi e guerra, contro il voto di milioni di cittadini che chiedevano un cambiamento netto a Bruxelles.
La Lega ha votato NO… pic.twitter.com/PEQyRmWmCZ
Eleita hoje, em Estrasburgo (França), para um novo mandato de cinco anos à frente do executivo comunitário com 401 votos a favor (bem acima dos 360 necessários), graças ao apoio do Partido Popular Europeu (PPE, principal família política, à qual pertence), Socialistas Europeus, Liberais e também Verdes, Von der Leyen contou, no entanto, apenas com o apoio de um dos três partidos que formam o Governo de coligação em Itália, o Força Itália (PPE, centro-direita), já que aos votos contra da Liga de Salvini (Patriotas pela Europa, extrema-direita) juntaram-se também os dos Irmãos de Itália, partido de direita radical da primeira-ministra Giorgia Meloni.
A delegação no Parlamento Europeu dos Irmãos de Itália votou hoje em bloco contra a reeleição de Ursula von der Leyen, por considerarem que esta procurou apoios à esquerda, quando deveria ter privilegiado uma grande aliança de direita.
Depois de, no mês passado, ter sido a única líder europeia a votar contra as escolhas para os cargos de topo da União Europeia (UE), incluindo o de António Costa para presidente do Conselho Europeu -- mas abstendo-se no caso da recondução de Von der Leyen, líder com a qual parecia ter construído uma relação próxima ao longo dos últimos meses -, Meloni manteve a incógnita sobre o sentido de voto dos Irmãos de Itália na eleição de hoje até ao derradeiro momento, e só após a votação o partido revelou que votou contra.
Apesar de Von der Leyen, no seu discurso de hoje, ter anunciado algumas medidas que vão ao encontro de ideias defendidas por Itália -- como uma linha mais interventiva na imigração, com o anunciado reforço da Frontex (agência europeia para a gestão de fronteiras), a criação do posto de comissário para o Mediterrâneo, e uma forte aposta na desburocratização -, a "demasiada abertura à esquerda" demonstrada pela líder alemã, que lhe garantiu inclusivamente hoje o apoio dos Verdes, ditou o voto contra dos Irmãos de Itália.
Questionada em Estrasburgo, depois da votação, sobre o voto contra dos Irmãos de Itália, Von der Leyen manifestou-se convicta de que teve a "abordagem certa", como o demonstrou a votação final.
"Trabalhámos por uma maioria democrática, por um centro pró-UE. E, no final, apoiaram-me. Penso que a nossa abordagem foi a correta", disse.
A única figura forte do Governo italiano a congratular-se com a reeleição de Von der Leyen foi o também vice-primeiro-ministro Antonio Tajani (igualmente chefe da diplomacia italiana e líder do Força Itália), que enfatizou o facto de ter sido evitado "o caos".
"Imaginem o que teria acontecido se Von der Leyen não tivesse sido eleita hoje. Teríamos simplesmente criado o caos, colocado os mercados em turbulência. Por parte da política europeia, houve uma reação muito responsável", comentou.
O Parlamento Europeu aprovou hoje a recondução no cargo da presidente da Comissão Europeia com 401 votos a favor, 284 contra, 15 abstenções e sete nulos.
Leia Também: Zelensky apela a von der Leyen para "reforçar a unidade" da UE