"Em todos as assembleias de voto do país, vemos uma participação em apoteose. Estou confiante. Estamos perto de realizar um sonho. Vamos ser livres", declarou aos jornalistas após votar em Caracas.
Os analistas consideram que a participação é um fator decisivo do escrutínio, com a oposição a necessitar de forte mobilização para garantir a vitória.
Segundo Corina Machado, a participação às 13:00 locais (18:00 em Lisboa) atingia "42,1%, o que representa nove milhões de pessoas". "É enorme, e caso se mantenha, a participação será histórica", prosseguiu.
"O que está aqui em jogo ultrapassa as fronteiras", acrescentou, exprimindo-se em inglês.
Na sua perspetiva, "é óbvio que se Maduro assuma o poder pela força ou a violência, assistiremos a uma vaga [de emigração] ainda mais importante e em pouco tempo, com a partida de mais três, quatro ou cinco milhões de venezuelanos (...) que provocará uma pressão enorme e uma escalada na região e, certamente, na fronteira sul dos Estados Unidos".
De acordo com estatísticas, sete milhões de venezuelanos emigraram devido à crise económica.
A Venezuela, país latino-americano rico em petróleo mas a braços com uma crise económica e social sem precedentes, realiza hoje eleições presidenciais, após uma campanha eleitoral tensa e marcada por um sentimento de incerteza sobre o futuro.
Cerca de 21 dos 30 milhões de venezuelanos são chamados às urnas para escolher entre 10 candidatos, mas a disputa presidencial será entre dois nomes: o atual Presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela), herdeiro do antigo líder Hugo Chávez e que procura conquistar um terceiro mandato consecutivo de seis anos, e Edmundo Gonzalez Urrutia (Plataforma Unitária Democrática), um diplomata reformado que substituiu na corrida eleitoral a carismática líder da oposição Maria Corina Machado, declarada inelegível pelas autoridades de Caracas.
Na reta final da campanha, Maduro considerou que uma vitória da oposição poderia originar "um banho de sangue", enquanto a coligação opositora prometeu lutar "até ao fim".
As sondagens mostram que a oposição está à frente nas intenções de voto, mas alguns observadores acreditam que a luta entre Maduro, 61 anos, e Gonzalez Urrutia, 74 anos, é muito mais renhida do que as estimativas sugerem.
Mergulhado numa crise económica sem precedentes, sete milhões de venezuelanos fugiram do país, que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.
A maioria da população do país vive com alguns dólares por mês e os sistemas de saúde e de educação estão completamente degradados.
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