Continua a polémica em torno da veracidade dos resultados eleitorais na Venezuela, que deram a vitória a Nicolás Maduro - reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos.
A certificação dos resultados das presidenciais, que decorreram no domingo, tem dado que falar. Enquanto o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou Maduro para um novo mandato, a oposição reivindicou a vitória.
Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que os EUA reconhecem a vitória do candidato da oposição com base em "provas incontestáveis".
"É claro para os Estados Unidos e, sobretudo, para o povo venezuelano, que Edmundo Gonzalez Urrutia recebeu a maioria dos votos com uma margem insuperável", afirmou Blinken, em comunicado divulgado na quinta-feira.
Neste sentido, o presidente da Venezuela disse aos EUA para "tirarem o nariz" do seu país. "Os Estados Unidos deviam tirar o nariz da Venezuela porque é o povo soberano que governa na Venezuela, que põe, que escolhe, que diz, que decide", afirmou Maduro, em declarações transmitidas pelo canal estatal de televisão VTV.
Por outro lado, o Supremo Tribunal da Venezuela aceitou um pedido de Maduro para iniciar um "processo de investigação e verificação para certificar de forma irrestrita os resultados" eleitorais de domingo, anunciou a presidente da Sala Eleitoral.
Apelos por "verificação imparcial dos resultados"
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, insistiu na necessidade de verificação das atas das eleições e pediu diálogo político e respeito pela liberdade de manifestação, após uma conversa com a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, sobre a situação política no país.
"Insistimos na necessidade de verificação dos originais das atas eleitorais, na moderação e diálogo político e na abstenção de repressão da liberdade de manifestação", escreveu o chefe da diplomacia portuguesa numa publicação na rede social X.
Também o Brasil, a Colômbia e o México apelaram a uma "verificação imparcial dos resultados". Os três países são dirigidos por presidentes de esquerda e estão entre os Estados do Hemisfério Ocidental que têm boas relações com Caracas.
Este estatuto dá mais importância às suas considerações, segundo as quais "as controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional" e "o princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados".
Por sua vez, a missão internacional independente da ONU para a Venezuela está "extremamente preocupada" com a nova onda de repressão de manifestações populares que contestam os resultados.
Marta Valiñas acredita que "a maior, senão a única esperança" para resolver a situação de tensão reside na intervenção e pressão dos países vizinhos, num "esforço de transparência" que será a única forma de "acalmar os ânimos".
De recordar que, segundo dados divulgados pelo CNE, Maduro foi proclamado presidente eleito do país para o período 2025-2031, com 51,2% (5,15 milhões) dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2% (pouco menos de 4,5 milhões de votos), indicou o CNE.
Desde então, a Venezuela regista protestos em várias regiões do país contra os resultados anunciados.
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