Pelo menos oito mortos em manifestações antigovernamentais no Bangladesh

Os confrontos entre manifestantes que exigem a demissão da primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, e apoiantes do partido no poder, a Liga Awami, fizeram pelo menos oito mortos no domingo, indicaram hoje a polícia e hospitais locais.

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Lusa
04/08/2024 10:08 ‧ 04/08/2024 por Lusa

Mundo

Bangladesh

Três pessoas foram mortas no distrito de Pabna, no norte do país, duas no distrito de Rangpur, outras duas no de Munshiganj, no centro do país, e uma no de Magura, no oeste, indicaram à agência noticiosa France-Presse (AFP) agentes da polícia e médicos de várias unidades hospitalares.

 

Sábado, os representantes do movimento estudantil que há um mês está em protesto contra o Governo do Bangladesh rejeitaram o convite para o diálogo enviado por Hasina, que acusam de reprimir as ações com mão de ferro.

"Não há espaço para pedir justiça a este Governo assassino ou para se sentar a dialogar. O tempo para pedir desculpas já passou e, quando houve tempo, o Governo começou a prender os estudantes e a torturá-los", afirmou um dos líderes do movimento estudantil, Nahid Islam, na rede social Facebook.

Um outro coordenador do movimento, Mahin Sarkar, afirmou à agência noticiosa Efe que os estudantes rejeitaram a reunião de forma "alta e em bom som".

As declarações surgiram horas depois de Hasina ter pedido um diálogo com os estudantes que protestam há um mês contra o Governo, tendo-se registado cerca de 200 mortos durante as manifestações.

"Quero sentar-me com os estudantes que protestam e ouvi-los, não quero conflitos", afirmou Hasina, segundo a agência noticiosa do Bangladesh, BSS, citada pela Efe.

A primeira-ministra tomou uma atitude mais conciliatória, depois de ter feito comparações entre os estudantes universitários e um grupo paramilitar da guerra da independência de 1971.

Na ocasião, a primeira-ministra comparou os manifestantes ao grupo paramilitar Rasar, que tentou impedir a divisão do atual Bangladesh durante o conflito com o Paquistão, o que instigou os estudantes.

Os estudantes pedem o fim de quotas para descendentes de veteranos da guerra em empregos do setor pública.

O tom dos protestos agravou-se depois das declarações de Hasina sobre o envolvimento de partidos da oposição e de alegações de organizações não-governamentais de que houve uma repressão excessiva por parte das forças de segurança.

Fontes hospitalares, policiais, familiares e dos bombeiros afirmaram à Efe que pelo menos 194 pessoas morreram no último mês durante os confrontos, embora o movimento estudantil estime o número de vítimas mortais em 266.

O Supremo Tribunal decidiu em favor dos estudantes, abolindo a maior parte das quotas de 30%, mas os estudantes mantiveram as manifestações, exigindo justiça para as vítimas de violência nos protestos.

Na sexta-feira, pelo menos outras duas pessoas -- incluindo um polícia -- morreram, enquanto dezenas ficaram feridas.

Os estudantes voltaram sábado a convocar novas manifestações para todo o país, tendo paralisado o trânsito em alguns dos principais cruzamentos da capital, Daca, de acordo com a comunicação social local.

Os estudantes afirmam que se o executivo não satisfizer as suas exigências vão redobrar os protestos e promover um boicote geral.

Entre as exigências estão um pedido de desculpas incondicional de Hasina pelas mortes e a demissão de vários ministros.

Leia Também: Estudantes rejeitam pedido da primeira-ministra do Bangladesh para dialogar

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