"Estou em Waterloo". Puigdemont 'reaparece' após fuga de Espanha

Antigo líder independentista deu um discurso em Barcelona e, depois, fugiu às autoridades.

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José Miguel Pires com Lusa
09/08/2024 20:27 ‧ 09/08/2024 por José Miguel Pires com Lusa

Mundo

Catalunha

O antigo presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, reapareceu após ter fugido, novamente, às autoridades espanholas, depois de uma breve visita a Barcelona.

 

"Estou em Waterloo, depois de alguns dias extremamente difíceis. É necessário analisar a situação política e colocar em perspectiva a razão profunda da operação que tornou possível o que aconteceu ontem. E farei isso. Mas são milhares de quilómetros em pouquíssimos dias, de uma tensão difícil de explicar", escreveu Puigdemont no X (antigo Twitter).

Na mesma mensagem, admitiu que precisa "de algumas horas para descansar e tomar um pouco de ar".

O independentista publicou um longo texto na rede social, criticando a "inefável" Secretaria do Interior da Generalitat, que "perpetrou uma das mais deploráveis conferências ​​de imprensa".

"Não posso acreditar que a caça às bruxas que foi desencadeada contra algumas pessoas específicas, simplesmente porque foram vistas ao meu lado em certos momentos, estejam a ser encenadas a partir de esferas políticas que enchem a boca com luta antirrepressiva", criticou.

Dirigentes do partido de Puigdemont, o Juntos pela Catalunha (JxCat), tinham já assegurado hoje de manhã que o dirigente independentista já não se encontrava em Espanha e estava a regressar a Waterloo, cidade belga onde vive desde 2017, para fugir à justiça espanhola.

A polícia catalã afirmou a seguir não confiar nas declarações dos dirigentes do JxCat e disse que continuava a procurar Puigdemont dentro da Catalunha.

Pelo menos três membros dos Mossos d'Esquadra foram detidos pela própria polícia da Catalunha por suspeita de terem ajudado Puigdemont a chegar ao centro de Barcelona e depois a fugir sem ser detido, na quinta-feira.

O Supremo Tribunal de Espanha recusou, num primeiro parecer, conceder a amnistia para independentistas a Carles Puigdemont aprovada pelo parlamento espanhol, pelo que o antigo presidente do governo regional continua a ser alvo de um mandado de detenção em Espanha.

Apesar disso, conseguiu surgir na quinta-feira em público em Barcelona sem ser detido.

Depois de, a partir de um palco, se ter dirigido a mais de 3.000 pessoas concentradas numa praça do centro da cidade, o dirigente separatista desapareceu.

Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira convocada para investir o socialista Salvador Illa novo presidente do governo catalão.

A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.

Os Mossos d'Esquadra acionaram depois a "operação Jaula", um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.

Na quinta-feira, e perante as críticas, os Mossos divulgaram um comunicado em que garantiram que tentaram deter Puigdemont nas ruas de Barcelona mas não conseguiram porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades.

Numa conferência de imprensa hoje, o comissário-chefe dos Mossos d'Esquadra acusou Puigdemont de deslealdade com a polícia da Catalunha ao tentar usar a sua eventual detenção para desestabilizar a investidura de Salvador Illa.

Eduard Sallent admitiu que os Mossos não conseguiram prender Puigdemont "por mais que tentassem" e denunciou uma "verdadeira campanha de desinformação" por parte da comitiva do ex-presidente do Governo catalão sobre o seu regresso a Espanha.

De acordo com o responsável da polícia, os Mossos d'Esquadra acreditaram no que Puigdemont estava a anunciar há dias sobre as suas intenções de assistir à sessão parlamentar.

"É alguém que foi presidente da Generalitat, não é um Jodorovich ou uma pessoa que se dedica ao crime organizado", disse.

[Notícia atualizada às 22h38]

Leia Também: Oposição espanhola pede demissão de ministros após fuga de Puigdemont

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