"Continuamos a efetuar operações ofensivas na região de Kursk. Neste momento, controlamos cerca de 1.000 quilómetros quadrados do território da Federação da Rússia", declarou o comandante das Foças Armadas ucranianas, Oleksandre Syrsky, durante uma reunião com o Presidente.
Pela primeira vez, o chefe de Estado ucraniano confirmou que forças militares ucranianas estão a atuar no interior da região de Kursk.
Zelensky emitiu a declaração através da rede social Telegram, onde elogia os soldados e comandantes "pela sua persistência e ações decisivas".
O Presidente ucraniano não adiantou mais detalhes sobre a operação militar em curso, mas sugeriu que a Ucrânia poderá disponibilizar "assistência humanitária" na região, ao referir que responsáveis oficiais foram instruídos para preparar um "plano humanitário" para o território que controlam no interior da Federação russa, junto à fronteira comum.
As forças ucranianas desencadearam na passada terça-feira uma incursão de assinalável amplitude na região fronteiriça russa de Kursk, a mais importante desde a invasão em larga escala da Ucrânia pelas forças russas em fevereiro de 2022.
No domingo, e ao pronunciar-se sob anonimato, um alto responsável ucraniano do setor da segurança indicou à agência noticiosa AFP que "milhares" de soldados ucranianos participam nesta operação.
Na sua perspetiva, o objetivo consiste em "desgastar as posições do inimigo, infligir-lhe o máximo de baixas, desestabilizar a situação na Rússia (...) e transferir a guerra para território russo".
De acordo com o governador interino de Kursk, Alexei Smirnov, que manteve previamente um contacto com Putin através de videoconferência, as forças ucranianas ocupam 28 localidades nesta zona.
Smirnov precisou que operação ucraniana se estende numa zona de 12 quilómetros de profundidade e 40 quilómetros de largura, com um balanço provisório de pelo menos 12 mortos, 121 feridos civis e 120.000 deslocados.
O Presidente russo Vladimir Putin prometeu hoje uma "reposta firme" para "expulsar" as forças ucranianas da região russa de Kursk e considerou que deixou de fazer sentido manter conversações com a liderança de Kiev na sequência da incursão militar ucraniana.
"A tarefa principal do Ministério da Defesa consiste em expulsar o inimigo nos nossos territórios", declarou perante responsáveis das forças de segurança.
No decurso de uma reunião especial sobre a situação nas zonas fronteiriças e transmitida pela televisão estatal, Putin também considerou que outro dos objetivos da operação militar ucraniana consiste em melhorar as posições de Kiev em eventuais negociações de paz.
"Torna-se agora claro que o regime e Kiev recusou as nossas propostas para o regresso a um plano de acordo pacífico", disse Putin.
"O inimigo, com a ajuda dos seus chefes ocidentais, está agora a efetuar a sua aposta, e o Ocidente mantém uma guerra contra nós utilizando-se dos ucranianos para melhorar a sua posição negocial no futuro", indicou, citado pela agência Tass.
Contudo, enfatizou que manter conversações com um Governo "que ataca civis" não faz sentido.
"Mas de que negociações podemos falar agora? Que poderemos falar com eles?", questionou, para acrescentar que a Rússia se prepara para uma resposta firme às ações da Ucrânia e alcançará todos os objetivos estabelecidos.
[Notícia atualizada às 17h42]
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