No dia em que se assinalam três anos desde que os talibãs retomaram o controlo do Afeganistão, a França reiterou a sua condenação às "intoleráveis violações dos direitos das mulheres e meninas" pelo regime islamita.
"Com as suas graves e repetidas violações dos direitos humanos, os talibãs não respeitam as obrigações claras que lhes são impostas pela Resolução 2593 do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 2021, que a França continuará a denunciar", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês em comunicado.
O ministério liderado por Stéphane Séjourné garantiu que Paris continuará a utilizar todos os instrumentos à sua disposição para garantir que as condições de vida da população afegã melhoram, "num contexto humanitário e económico em constante deterioração".
Contudo, o Governo do Presidente Emmanuel Macron deu especial ênfase à situação das mulheres e raparigas afegãs e à decisão "inaceitável e injustificável" de proibir o seu acesso ao ensino superior e ao trabalho em Organizações Não-Governamentais (ONG).
"Não pode haver regresso à normalidade sem o fim da violência e das ameaças contra as mulheres e o levantamento destas restrições. Ao eliminar as mulheres da sociedade afegã e ao excluir, assim, metade da população da vida pública e económica, estas graves violações tornam impossível qualquer forma de desenvolvimento no país", sublinha-se na mensagem.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros prometeu ainda que a França continuará a estar envolvida no apoio à população através de projetos humanitários da Organização das Nações Unidas (ONU) e de organizações sem fins lucrativos no terreno.
Também hoje, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, condenou as violações sistemáticas dos direitos das mulheres cometidas pelo regime talibã.
"Com a tomada do poder pelos talibãs radicais islâmicos, as mulheres do Afeganistão estão a sofrer as violações sistemáticas dos direitos humanos mais massivas do mundo", declarou Baerbock em comunicado.
"Há três anos que o regime desumano dos talibãs destrói, todos os dias, as esperanças de milhões de mulheres e raparigas afegãs numa vida melhor e mais livre", acrescentou, lamentando que metade das afegãs não possa fazer coisas como "irem sozinhas ao hospital, a restaurantes, cantar, andar de cara descoberta ou frequentar a escola", em suma, "ser mulher".
Na sua declaração, Baerbock disse ainda que a Alemanha apoia as mulheres, as raparigas e todos aqueles cujas vidas estão ameaçadas pelos talibãs no Afeganistão e reiterou que o regime fundamentalista de Cabul não poderá regressar à comunidade internacional enquanto não cumprir as obrigações internacionais.
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