Convenção democrata tentará separar Harris de Trump

O Partido Democrata norte-americano mostra-se apostado em usar a convenção de Chicago, que começa na segunda-feira, para explorar as diferenças políticas com os republicanos, mas, ainda mais, salientar o que distancia Kamala Harris de Donald Trump.

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© Montinique Monroe/Getty Images

Lusa
18/08/2024 08:31 ‧ 18/08/2024 por Lusa

Mundo

EUA/Eleições

Pouco mais de cem quilómetros e 30 dias separam a convenção republicana de Milaukee (no Minnesota), da convenção democrata de Chicago (no Illinois), onde entre segunda e quinta-feira Kamala Harris e Tim Walz procuram manter aceso o entusiasmo que envolve as suas candidaturas a Presidente e vice-Presidente, respetivamente, desde que Joe Biden renunciou à sua corrida à Casa Branca.

 

Mas o que separa Harris e Walz dos candidatos republicanos, Donald Trump e JD Vance vai muito para além desse tempo e distância e é isso, antes de tudo o mais, que estes dois democratas vão querer provar na convenção de Chicago.

Esta será a 26ª convenção que Chicago irá acolher, mas os participantes mais facilmente recordarão a cidade pelo comício que celebrou a vitória de Barack Obama em novembro de 2008, depois de derrotar o republicano John McCain, levando o primeiro homem de cor a chegar à Casa Branca.

Para esta convenção, os assessores da campanha de Harris parecem estar a aconselhar a candidata a não tentar tirar proveito nem da sua origem étnica, nem do seu género feminino, mas antes centrar-se em duas mensagens: a ameaça à democracia que poderá representar uma vitória de Trump (lembrando que ele próprio prometeu ser um ditador no seu primeiro dia como Presidente); as ideias de que o Partido Democrata quer fazer prevalecer, agora que Biden saiu da corrida presidencial.

Mas uma convenção não pode ser (nem tem sido) apenas um encontro partidário e a convenção democrata de Chicago não será exceção, e a equipa de campanha de Harris já está a terminar toda a encenação que faz destes eventos um verdadeiro circo político, onde não faltarão estrelas como o artista John Legend, sendo ainda um mistério se também Beyoncé ou Taylor Swift participarão em algum evento.

A convenção republicana apostou num grupo de artistas muito relacionados com a tradição de música Country, mas os democratas já prometeram que a sua 'set list' será mais diversificada e "muito mais sofisticada".

Enquanto no pavilhão de Chicago passarão pelo palco nomes fortes do Partido Democrata para falar dos temas centrais de campanha -- imigração, acesso ao aborto, inflação, segurança -- a organização está igualmente preocupada em realizar festas que provem que o partido não está apenas mobilizado para vencer as eleições, mas também muito animado.

A organização Creative Coalition (um influente grupo de militantes ligados ao mundo do espetáculo) já prometeu que irá realizar a melhor festa da semana, na quarta-feira, com um concerto com muitas estrelas e apresentado pela atriz Octavia Spencer.

No dia seguinte, no encerramento da convecção, será a vez do polémico comediante Jon Stewart fazer o papel de mestre de cerimónias, depois de ao longo dos quatro dias se terem realizado muitas festas e concertos.

Para a cobertura da convenção estão já credenciados vários milhares de jornalistas (a organização não fornece ainda números precisos), apesar dos custos elevados das equipas que querem fazer a transmissão a partir do pavilhão: um lugar para um repórter com acesso a uma tomada elétrica cerca de 900 euros -- na convenção republicana custava menos de 100 euros - e o acesso à Internet é pago à parte.

Mas a novidade é o acesso que foi dado à presença de produtores de conteúdos e 'influencers' da Internet, que poderão partilhar o espaço dos 'media' ao lado dos jornalistas, num gesto que repete o que os republicanos já permitem há muitos anos e que procura explorar outras áreas de divulgação da mensagem política.

Para a componente de campanha, os 'pollsters' (especialistas em sondagens) de Harris estão a tentar convencê-la em aproveitar a convenção para se centrar no tema da inflação, mas substituindo essa palavra (para não atacar a herança de Biden) pela palavra 'affordability' (a capacidade para as pessoas pagarem as contas no final do mês).

Segundo vários analistas democratas, Kamala Harris deverá chegar à convenção com o seu plano político já divulgado, para tentar permitir aos congressistas comentá-lo nos quatro dias do evento e para ela mesma e, sobretudo, Walz, poderem usar o palco para atacarem os atributos de Trump -- o ponto que as sondagens indicam ser o mais frágil da candidatura republicana.

Leia Também: Kamala Harris promete construir "economia de oportunidades"

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