Primeiro-ministro da Índia apela para a paz antes de visitar Kyiv

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apelou hoje à paz entre Ucrânia e Rússia ao partir para Kyiv, depois de ter irritado o Presidente ucraniano ao abraçar o líder russo, Vladimir Putin, recentemente em Moscovo.

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Lusa
21/08/2024 11:14 ‧ 21/08/2024 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Modi, 73 anos, deverá encontrar-se com o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, na Polónia, na quinta-feira, antes de viajar para a Ucrânia na sexta-feira, onde também está previsto um encontro com Zelensky.

 

"Como amigo e parceiro, esperamos um rápido regresso à paz e à estabilidade na região", afirmou Modi nas redes sociais, citado pela agência francesa AFP.

Modi mantém um equilíbrio delicado entre os laços historicamente fortes da Índia com a Rússia e a procura de parcerias de segurança mais estreitas com os países ocidentais, como um baluarte contra o rival regional, a China.

Trata-se da primeira vez que um primeiro-ministro indiano visita Kyiv e, portanto, a primeira visita de Modi à Ucrânia desde o início da guerra com a Rússia em fevereiro de 2022.

"Aguardo com expectativa a oportunidade de desenvolver conversas anteriores com o Presidente Zelensky", disse num comunicado divulgado pelo seu gabinete citado pela agência espanhola EFE.

O primeiro-ministro indiano disse querer "fortalecer a cooperação bilateral e compartilhar perspetivas sobre a resolução pacífica do conflito em curso na Ucrânia".

O primeiro-ministro indiano teve várias conversas telefónicas com Zelensky desde o início da guerra, a última das quais em março deste ano.

No mesmo mês, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, visitou Nova Deli e reuniu-se com o homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, tendo a conversa incidido sobre o conflito em curso na Ucrânia.

A visita de Modi a Moscovo, no início de julho, ocorreu poucas horas depois de um forte ataque russo ter atingido várias cidades ucranianas, matando dezenas de pessoas e danificando gravemente um hospital pediátrico em Kyiv.

No dia anterior, Modi foi fotografado a abraçar Putin, o que indignou Zelensky, com Kyiv a considerar o gesto como uma "enorme desilusão e um golpe devastador para os esforços de paz".

Modi tem evitado condenar explicitamente a invasão russa da Ucrânia desde o início do conflito, há mais de dois anos, apelando a ambas as partes para que resolvam as diferenças através do diálogo.

Nova Deli absteve-se na votação das resoluções da ONU que visam Moscovo.

Antes da Ucrânia, Modi é esperado hoje em Varsóvia para assinalar o 70.º aniversário das relações diplomáticas entre a Índia e a Polónia.

"O nosso compromisso mútuo com a democracia e o pluralismo reforça ainda mais as nossas relações", afirmou Modi, que se encontrará com o Presidente polaco, Andrzej Duda, além de Donald Tusk.

Segue-se, na sexta-feira, a segunda etapa da viagem à Europa de Leste com uma visita a Kyiv.

Segundo o Governo indiano, a visita "abrirá a porta a negociações sobre todos os aspetos da relação bilateral" entre a Índia e a Ucrânia, incluindo a defesa.

Após a invasão russa da Ucrânia, Nova Deli tornou-se o maior mercado para o petróleo russo, aproveitando os descontos oferecidos por Moscovo para fazer face às sanções internacionais.

A ligação entre as duas potências tornou-se estreita durante a Guerra Fria, quando Moscovo era quase o único vendedor de armas a Nova Deli, fornecendo até 85% das compras de defesa da Índia.

O país asiático ainda não conseguiu inverter essa dependência, segundo a EFE.

Leia Também: Rússia cria 3 agrupamentos militares para defender regiões na fronteira

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