Kibutz e familiares de reféns boicotam cerimónia sobre ataque de outubro

Várias comunidades israelitas ('kibutz') e familiares de reféns em Gaza recusaram hoje participar na cerimónia para assinalar um ano do ataque do Hamas, em 07 de outubro, numa crítica direta à gestão do Governo de Benjamin Netanyahu.

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© Karl-Josef Hildenbrand/picture alliance via Getty Images

Lusa
21/08/2024 17:35 ‧ 21/08/2024 por Lusa

Mundo

Israel

O primeiro a anunciar o seu boicote foi o 'kibutz' Nir Oz, um dos mais afetados pelo ataque do Hamas e que ainda tem 29 dos seus habitantes sequestrados em Gaza, recusando-se, em comunicado, a participar no evento.

 

"Recusamo-nos a cooperar com uma cerimónia política conduzida pelo governo", declaram os habitantes desta comunidade agrícola, no sul de Israel.

Esta comunidade acusou tanto o executivo como Netanyahu de terem "evitado" visitar Nir Oz, "o 'kibutz' que foi completamente abandonado".

"Aqueles que nos conduziram a uma quebra total de confiança não poderão escondê-la com cerimónias e usar-nos como 'figurantes'", refere ainda o comunicado.

A comunidade do 'kibutz' Yad Mordechai, que se situa a cerca de três quilómetros a norte da fronteira norte de Gaza, também afirmou hoje que "não tenciona participar em qualquer produção política" de uma cerimónia estatal para assinalar o aniversário do ataque.

Por outro lado, o Fórum das Famílias dos Reféns, que organiza todos os sábados manifestações em massa para exigir que o governo chegue a um acordo com o movimento islamita palestiniano Hamas que permita o regresso dos prisioneiros, também se recusou a participar no ato oficial.

Numa declaração separada, a organização criticou o "fracasso retumbante" do Governo de Netanyahu em trazer os 105 reféns ainda em Gaza - 34 confirmados mortos pelo exército - de volta a Israel.

O Fórum vai juntar-se aos 'kibutz' e a outras comunidades que fazem fronteira com a Faixa de Gaza no dia do aniversário do ataque do Hamas para "exigir o restabelecimento da segurança, o regresso dos reféns, a reabilitação das comunidades fronteiriças e a revisão das falhas que levaram ao terrível desastre de 07 de outubro".

O líder da oposição, Benny Gantz, que até ao início de junho fazia parte da coligação governamental e tinha assento no Gabinete de Guerra (agora dissolvido), censurou Netanyahu por tentar desviar a comemoração do 07 de outubro sem o apoio do 'kibutz' e das famílias dos raptados.

"A forma como assinalamos o aniversário do massacre de outubro não me compete a mim determinar, nem a vós determinar", declarou o líder do partido Unidade Nacional na sua conta X.

"A natureza deste dia deve ser determinada por aqueles que viveram o inferno", acrescentou.

Em 07 de outubro de 2023, grupos de milícias palestinianas liderados pelo Hamas levaram a cabo um ataque em território israelita no qual mataram cerca de 1.200 pessoas e raptaram 251 outras, a grande maioria em comunidades próximas da fronteira de Gaza.

O episódio desencadeou a guerra de Israel contra o Hamas no enclave, que já causou a morte de mais de 40.200 pessoas e obrigou mais de um milhão de habitantes de Gaza a viverem deslocados, segundo as autoridades locais.

Leia Também: Hezbollah retalia e lança "dezenas de 'rockets'" em direção a Israel

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