António Guterres destacou a determinação dos cidadãos deste país na sua luta contra os impactos climáticos, mas lembrou que só poderão continuar a trabalhar se obtiverem financiamento para o desenvolvimento em "condições justas".
O diplomata português apelou, por isso, aos maiores poluidores do mundo para que façam um "aumento em massa" dos contributos para fazer face ao "caos climático".
"Tem sido travada uma dura luta pela justiça climática, mas o dinheiro necessário não está a chegar", insistiu, durante uma conferência em Apia, capital de Samoa, região da Polinésia, onde se reuniu com residentes deslocados das suas casas devido à subida do nível do mar e à erosão costeira.
Guterres apelou à "reforma das instituições financeiras internacionais, para que as necessidades de financiamento de países como os do Pacífico sejam satisfeitas", de acordo com um comunicado das Nações Unidas.
O líder da ONU recordou que os fundos estabelecidos na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27) no Egito, para compensar os impactos económicos dos desastres naturais nos países em desenvolvimento, têm "sido insuficientes".
Para Guterres, é por isso necessário que "todos os países cumpram as suas promessas em matéria de financiamento climático e que haja um resultado financeiro sólido da COP29", que terá lugar em Baku, capital do Azerbaijão, onde vão ser discutidos os compromissos após 2025.
A fim de corrigir esta desigualdade estrutural histórica nas finanças internacionais, o secretário-geral da ONU explicou que a organização tem trabalhado com os PEID numa nova medida -- o Índice de Vulnerabilidade Multidimensional (MVI) -- que procura facilitar o seu acesso aos recursos necessários para o desenvolvimento sustentável.
António Guterres instou a comunidade internacional a agir para que o IVM seja tido em conta nas negociações com países como a Samoa para direcionar fundos para projetos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas e "proteger as populações contra as alterações climáticas".
Como exemplo da luta contra as alterações climáticas, Guterres apontou que os samoanos responderam repetidamente aos impactos climáticos, incluindo o tsunami de 2009, que fez pelo menos 192 mortos.
"Vi um muro que protege uma cidade do mar. Este muro foi construído três vezes em 20 anos por causa do tsunami, por causa da subida do nível do mar e por causa das fortes tempestades", lembrou.
O secretário-geral da ONU pretende participar, na terça-feira, na 53.ª Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico, em Tonga, onde será abordada a crise climática.
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