Sudão. Exército e paramilitares garantem acesso à ajuda humanitária

O Exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) acordaram o acesso seguro de ajuda humanitária à região de Darfur, assim como a outras áreas do país, através de duas rotas terrestres.

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© -/AFP via Getty Images

Lusa
23/08/2024 16:17 ‧ 23/08/2024 por Lusa

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Um grupo de países que tem tentado mediar as negociações entre os paramilitares e o exército sudanês para um cessar-fogo anunciou hoje este compromisso das duas partes em conflito no Sudão, ao final de dez dias de reuniões para alcançar a paz sem sucesso, porque os militares se recusaram a enviar uma delegação às conversações em Genebra.

 

As duas rotas acordadas partem de Porto Sudão pela estrada de Dabbah e já permitem aliviar a fome que afeta mais de metade da população do país.

Numa declaração conjunta, os participantes nas reuniões em Genebra afirmaram que estão a ser feitos progressos para abrir uma terceira rota humanitária a partir da cidade de Gedaref, através da passagem de Sennar, no sul, que ajudaria cerca de 11 milhões de sudaneses em diferentes estados.

O representante dos Estados Unidos, Tom Perriello, declarou numa conferência de imprensa que as três vias juntas permitiriam o acesso a 20 milhões de pessoas.

Os Estados Unidos coordenaram o processo diplomático que envolveu delegações do Egito, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, países de importância regional e influência sobre as partes em conflito, que já causou a morte de pelo menos 18.000 pessoas em 16 meses e forçou ao deslocamento mais de dez milhões de civis.

Durante as reuniões, as RSF concordaram igualmente em utilizar um sistema de notificação simplificado para facilitar o transporte e a entrega segura da ajuda humanitária, tanto para os trabalhadores humanitários como para os civis.

Os países mediadores apelaram ao exército sudanês, sob a liderança dos militares que governam o país, a adotar uma posição semelhante.

Os paramilitares também se comprometeram a respeitar uma espécie de "código de conduta" e a dar ordens claras a todos os seus combatentes para que deixem de cometer violações dos direitos humanos, nomeadamente violência sexual contra mulheres e crianças, bem como a não utilizem a fome como arma de guerra e não atacarem as terras agrícolas nem as pessoas que nelas trabalham.

Perriello, que tem sido o coordenador destas reuniões, afirmou que se os militares tivessem aceitado participar nas conversações, ter-se-iam registado mais progressos, mas minimizou a importância desta ausência, recordando que a comunicação virtual com os comandantes militares foi constante e que também produziu alguns resultados positivos.

No entanto, a ausência dos militares, reconheceu o norte-americano, foi particularmente prejudicial para se alcançarem resultados quanto a uma cessação das hostilidades.

Segundo Perriello, as conversações terminaram sem uma data concreta para o seu reinício, na expectativa de uma evolução favorável no terreno nas próximas semanas.

As RSF e o Exército do Sudão têm sido acusados pelas organizações não-governamentais de atrocidades contra a população civil desde o início de um conflito que começou quando falharam as negociações para integrar o grupo dos paramilitares nas fileiras do Exército regular sudanês, após os golpe de Estado que ocorreu no país.

Os militares lideram o Sudão antes do início do atual conflito, na prática desde que expulsaram à força todas as forças civis do processo de transição, aberto após a queda do ditador Omar al-Bashir, em 2019, pelo golpe de Estado.

Leia Também: ONU alerta para novo surto de cólera no Sudão

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