No domingo à noite, Saied demitiu 19 ministros, incluindo os responsáveis pelos Negócios Estrangeiros e pela Defesa, após a demissão surpresa, no início do mês, do primeiro-ministro Ahmed Hachani.
Num discurso transmitido horas mais tarde, o líder do país justificou com a "segurança nacional" e o "interesse supremo do Estado" a remodelação decidida cerca de um mês e meio antes das eleições presidenciais, previstas para 06 de outubro.
Segundo argumentou Saied, "um sistema corrupto cujos atores esperam um regresso ao passado" conseguiu "manipular" um grande número de funcionários e bloquear o funcionamento do Estado.
O Presidente, de 66 anos, eleito democraticamente em 2019, assumiu todos os poderes em 25 de julho de 2021, e desde então tem sido acusado de autoritarismo pela oposição e pelos seus críticos.
"O poder executivo é exercido pelo Presidente da República com a ajuda de um governo, cada ministro é (nomeado) para ajudar e não para fazer escolhas fora daquelas que foram determinadas pelo Presidente", acrescentou.
O chefe de Estado já reviu a Constituição para substituir o sistema parlamentar em vigor desde a queda do regime do ditador Ben Ali em 2011, estabelecendo um sistema ultrapresidencialista no qual o parlamento praticamente não tem poderes.
Outras pastas importantes que mudaram de mãos foram as da Agricultura e Recursos Hídricos, da Saúde e da Educação.
Endividada em 80% do seu Produto Interno Bruto (PIB) e com um crescimento fraco (0,4% em 2023), a Tunísia regista ainda uma taxa de desemprego elevada (cerca de 16%) e uma classe média empobrecida. O país enfrenta também o sexto ano de seca, com falta de água nas barragens e escassez de medicamentos.
Para concorrer nas eleições de outubro contra Saied, que procura um segundo mandato, apenas dois candidatos foram selecionados pela autoridade eleitoral: Zouhair Maghzaoui, um antigo deputado pan-árabe de esquerda, e um industrial e líder de um partido liberal Ayachi Zammel.
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