Borrell mantém ideia de sanções a ministros israelitas apesar de divergências

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, indicou hoje que vai avançar com uma proposta de sanções aos ministros israelitas da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e das Finanças, Bezalel Smotrich, apesar da falta de consenso entre os 27.

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© Simon Wohlfahrt/Bloomberg via Getty Images

Lusa
29/08/2024 21:04 ‧ 29/08/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança considerou que a sugestão de Ben Gvir de construir uma sinagoga na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, e as palavras de Smotrich achando justificável que dois milhões de palestinianos morram de fome são "inaceitáveis".

 

Borrell apresentou a sua proposta de sanções na reunião informal que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE realizaram hoje em Bruxelas, mas, no final, reconheceu que na sala "houve opiniões para todos os gostos".

Apesar de não existir a unanimidade necessária entre os países da UE, o chefe da diplomacia europeia iniciou os preparativos para formalizar a proposta, com o objetivo de que os ministros a discutam em reuniões posteriores.

"Tenho uma responsabilidade e uma capacidade e usei-as", declarou.

Depois do apelo feito pelo chefe da diplomacia europeia, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, comentou que Portugal "tem abertura" para considerar sanções contra elementos específicos do Governo israelita, se houver "consenso europeu".

A Alemanha, um dos principais apoiantes de Israel na UE, não se opôs à discussão da proposta, segundo fontes diplomáticas citadas pela agência EFE, embora Berlim não seja favorável à aprovação das sanções para já.

Apenas a Irlanda subscreveu abertamente a proposta do chefe da diplomacia europeia: "Apoiaremos a recomendação de Borrell de sanções relativamente às organizações de colonos na Cisjordânia que facilitaram a expansão dos colonatos e também dos ministros israelitas", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês, Micheál Martin.

Por outro lado, o seu homólogo italiano, Antonio Tajani, opôs-se, afirmando que "não é com o reconhecimento teórico da Palestina, com sanções aos ministros israelitas, que o problema será resolvido", colocando o centro das atenções na obtenção de um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Questionado sobre a iniciativa de Borrell, o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, insistiu na necessidade de o bloco comunitário utilizar "toda a panóplia de medidas" permitidas pelo Conselho de Associação UE-Israel para pressionar o Governo israelita a pôr fim à guerra no enclave palestiniano.

A Hungria por seu lado atacou Borrell por apresentar "propostas imprudentes" em relação ao Médio Oriente, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto, a defender que ideias como sancionar dois membros do executivo de Telavive são "extremamente perigosas e irracionais".

Os 27 concordam em convocar o Conselho de Associação, tal como solicitado pela Espanha e pela Irlanda, mas não com a mensagem que devem enviar ao Governo israelita, que ainda não aceitou uma data específica para uma reunião.

Além da proposta de sanção dos dois ministros israelitas, a UE apelou hoje para "pausas humanitárias imediatas" na Faixa de Gaza para que as crianças com menos de 10 anos possam receber a vacina contra a poliomielite, uma doença que se está a espalhar rapidamente no território desde o mês de julho.

"O compromisso de todas as partes com as pausas humanitárias será crucial para permitir a implementação bem-sucedida e atempada destas campanhas urgentes", solicitou Borrell em comunicado.

Neste sentido, acrescentou que "proteger as unidades de saúde e os seus trabalhadores e garantir o acesso seguro das crianças e das suas famílias aos centros de vacinação será essencial para atingir o objetivo".

As negociações entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas para um cessar-fogo têm sido inconclusivas, mas hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou pausas limitadas nos combates para permitir a vacinação contra a poliomielite a centenas de milhares de crianças, após confirmado o caso de um bebé infetado.

O chefe da diplomacia europeia anunciou ainda que irá convocar uma reunião de alto nível à margem da Assembleia-Geral da ONU, a realizar em Nova Iorque em setembro, para tentar encontrar uma solução para o conflito no Médio Oriente.

Borrell indicou que o convite estará aberto a todos os países que queiram participar, incluindo Israel, e que para já conta com o apoio dos Estados Unidos e dos países árabes.

A reunião dos ministros europeus ocorre numa fase em que Israel tem em curso uma operação militar na Cisjordânia, a par da guerra desde 07 de outubro com o Hamas na Faixa de Gaza.

O conflito neste enclave, iniciado com um ataque do Hamas em solo israelita, já provocou acima de 40 mil mortos, ma maioria civis, segundo as autoridades locais.

Leia Também: UE insiste que não reconhece "legitimidade democrática" de Maduro

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