"Vamos esperar pelo discurso de política geral" que será feito na Assembleia Geral pelo novo chefe de Governo, afirmou Le Pen, numa primeira reação à nomeação de Barnier pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, em declarações ao canal LCI.
A política recordou as condições que o seu partido, a Frente Nacional (RN, na sigla em francês) para não votar imediatamente uma moção de censura.
"Temos de respeitar os nossos eleitores" e o primeiro-ministro deve empenhar-se numa reforma eleitoral que mude o atual sistema maioritário para um sistema proporcional, começou por enumerar.
Le Pen também referiu que "não se pode pensar em não ter em conta o que aconteceu", numa referência aos resultados das eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho, que Macron convocou antecipadamente.
A RN e os seus aliados foram a terceira força mais representada na Assembleia Nacional, com 142 deputados (num total de 577), atrás da coligação de esquerda (193) e do bloco macronista (166), apesar de serem os mais votados, com 37% dos votos.
A líder da extrema-direita francesa apontou as "questões fundamentais" que lhes interessam e que "terão de ser tidas em conta" pelo novo governo: "a imigração fora de controlo, a insegurança que dispara e a preservação do poder de compra dos franceses".
Em França, uma moção de censura pode derrubar um governo sem propor um governo alternativo, ao registar-se uma maioria absoluta dos votos, o que seria possível se a esquerda - que já manifestou a sua total oposição à nomeação de Barnier - e a extrema-direita se unissem.
Emmanuel Macron nomeou hoje o antigo negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, como novo primeiro-ministro de França após mais de 50 dias de governo provisório.
O antigo ministro e ex-comissário europeu ficou responsável por "formar um governo de unidade ao serviço do país e do povo francês", afirmou a Presidência francesa, em comunicado.
A nomeação de Barnier surge "após um ciclo de consultas sem precedentes", em que o Presidente "assegurou que o primeiro-ministro e o próximo governo reuniriam as condições para a maior estabilidade possível".
A tomada de posse de Barnier terá lugar esta tarde, às 16:00 (15:00 de Lisboa), no Palácio Matignon, residência oficial do chefe de governo.
A nomeação surge após duas semanas de intensas consultas políticas por parte de Macron e quando se completam dois meses da segunda volta das eleições legislativas, que resultou numa Assembleia Nacional sem uma maioria clara e extremamente dividida.
A escolha de Barnier acontece depois de várias personalidades terem enfrentado vetos da esquerda e da extrema-direita, que são dois dos três principais blocos da atual Assembleia Nacional.
O novo primeiro-ministro tem uma vasta experiência política em França e nas instituições europeias.
O seu último cargo foi o de negociador europeu para a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) entre 2016 e 2021, depois de ter sido comissário europeu por duas vezes com as tutelas do Mercado Interno (2010-14) e da Política Regional (1999-2004).
Foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2004 e 2005, durante a presidência de Jacques Chirac, e ministro da Agricultura entre 2007 e 2009, com Nicolas Sarkozy no Eliseu, tendo antes disso sido ministro do Ambiente e dos Assuntos Europeus.
Iniciou a carreira política em 1973, tendo também sido eurodeputado, deputado e senador em França.
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