A 05 de agosto Hasina fugiu para a Índia depois de semanas de violência que causaram a morte a mais de 600 pessoas, incluindo estudantes.
A revolta pôs fim a 15 anos de governo da primeira-ministra mais antiga do país, que iniciou o seu quarto mandato consecutivo em janeiro, na sequência de eleições boicotadas pelos principais partidos da oposição que questionaram a credibilidade do processo eleitoral.
Os manifestantes entoaram palavras de ordem como "Onde está Hasina? Enterrem-na, enterrem-na!" e "Hasina-Modi, aviso, cuidado!".
Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, é visado pelos manifestantes uma vez que Hasina é conhecida por ser uma aliada de confiança da Índia.
Muitos dos manifestantes criticaram a Índia por promover o hinduísmo e por acolher Hasina.
A manifestação central, denominada "marcha shaheedi" ou "procissão dos mártires", partiu do campus da Universidade de Daca e além das muitas bandeiras do Bangladesh, alguns participantes transportaram uma bandeira palestiniana gigante.
Dezenas de milhares de pessoas participaram em manifestações em todo o país de 170 milhões de habitantes, de maioria muçulmana.
Depois da partida da chefe de Governo foi formado um governo interino liderado pelo Prémio Nobel Muhammad Yunus, que teve uma relação fria com Hasina durante muitos anos.
Numa entrevista à agência noticiosa Press Trust of Índia divulgada hoje, Yunus disse que Hasina deveria ficar calada e que os seus comentários políticos a partir da Índia são um "gesto pouco amistoso".
Os manifestantes e outros opositores de Hasina querem que a antiga governante e os seus colaboradores sejam julgados pelos assassínios em massa ocorridos durante as manifestações que começaram em julho.
"Se a Índia quiser mantê-la até ao momento em que o Bangladesh a quiser de volta, a condição será que ela tem de se manter calada", disse Yunus, numa aparente referência à declaração do passado dia 13, na qual Hasina exigia "justiça", afirmando que os envolvidos nos recentes "atos de terror", assassínios e vandalismo devem ser investigados, identificados e punidos.
A administração de Yunus está a reorganizar a polícia, a burocracia e outras instituições do Estado para assumir o controlo, no meio de relatos de violência e de agitação contínua. O chefe da comissão eleitoral do país e os seus adjuntos que supervisionaram as recentes eleições demitiram-se do cargo.
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