A concentração foi convocada por venezuelanos que vivem em Madrid e pela própria líder da oposição ao regime de Nicolás Maduro, Maria Corina Machado, que a partir de Caracas e através das redes sociais apelou à participação nesta manifestação.
Dirigindo-se "a cada um dos venezuelanos que vivem em Espanha", Maria Corina Machado apelou à união de quem se opõe a Maduro e pediu para ser reivindicado hoje em Madrid "o mandato de 28 de julho", numa referência às eleições presidenciais na Venezuela.
As autoridades venezuelanas disseram que Maduro venceu as eleições, mas o resultado é contestado pela oposição e questionado por parte da comunidade internacional.
A oposição candidatou Edmundo González Urrutia, que vários países já reconheceram como Presidente eleito da Venezuela e que no domingo chegou a Madrid, tendo pedido asilo político a Espanha.
A União Europeia e todos os países que a integram não reconheceram a vitória de Maduro nas eleições e pediram para serem publicadas as atas com os resultados de todas as mesas de voto para reconhecerem um vencedor.
A oposição espanhola de direita tem criticado a posição do governo do socialista Pedro Sánchez e levou hoje ao parlamento uma resolução para recomendar ao executivo o reconhecimento de Edmundo González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela.
O Partido Popular (PP, direita) invocou no debate de hoje que há "razões éticas evidentes" para reconhecer González Urrutia vencedor das eleições, por estar em causa a defesa da "democracia e da liberdade" na Venezuela, como Espanha faz em relação ao resto do mundo, dando como exemplo a Ucrânia.
A deputada do PP Cayetana Álvarez de Toledo reiterou também a acusação aos socialistas espanhóis de estarem alinhados com o regime de Maduro e de Espanha ter retirado González Urrutia de Caracas e acordado dar-lhe asilo numa "operação desenhada pela ditadura [o regime venezuelano]" que obrigou o dirigente da oposição "a sair do seu país entre chantagens e coações".
Depois desta "operação", reconhecer Edmundo González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela é também "um imperativo", considerou o PP.
Também o líder do Vox (extrema-direita), Santiago Abascal, considerou, em declarações aos jornalistas, que González Urrutia está num "exílio forçado" desde domingo que é vantajoso para o regime de Maduro, e responsabilizou os socialistas espanhóis.
O Partido Socialista (PSOE), através da deputada Cristina Narbona, reiterou o que tem dito nos últimos dias: Espanha tem a mesma posição de toda a União Europeia, que está a agir como um bloco; foi o Governo de Madrid que levou a questão a Bruxelas e o Governo respondeu a um pedido de "asilo político" do próprio González Urrutia.
Cristina Narbona considerou que reconhecer González Urrutia Presidente eleito seria dar "expectativas falsas" aos venezuelanos, fazendo-os acreditar numa "varinha mágica que faria desaparecer o regime de Maduro", e lembrou o precedente de Juan Guaidó, cujo reconhecimento pela comunidade internacional não teve qualquer efeito.
A filha de Edmundo González Urrutia, Carolina González, e membros da oposição venezuelana que vivem em Madrid, como Leopoldo López e Antonio Ledezma assistiram ao debate desta iniciativa parlamentar, que os deputados espanhóis votarão na quarta-feira.
A expectativa é que seja aprovada com os votos do PP, do Vox e do PNV (o Partido Nacionalista Basco, de centro-direita, que se afastou dos argumentos dos outros dois partidos e disse que votará a favor porque é aquilo que a oposição venezuelana está a pedir a Espanha).
No final do debate, dirigindo-se às centenas de pessoas concentradas em frente do parlamento espanhol, Carolina González leu uma curta mensagem do pai em que Edmundo González Urrutia voltou a afirmar o compromisso com a luta contra o regime de Nicolás Maduro e apelou à comunidade internacional para redobrar esforços para garantir a democracia e a liberdade na Venezuela.
González Urrutia agradeceu ainda ao Governo de Espanha por o acolher e lhe dar asilo.
Segundo fontes policiais citadas pela agência Europa Press, cerca de 600 pessoas estiveram hoje nesta concentração em Madrid.
Empunhando bandeiras e outros símbolos da Venezuela, assim como cartazes com a frase "Edmundo Presidente", foram gritando frases e palavras como "Liberdade", "Viva a Venezuela livre", "Nota-se, sente-se, Edmundo Presidente" ou "Espanha, escuta, junta-te à luta".
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