"É importante que haja fronteiras externas da Europa seguras, porque quando não há fronteiras externas seguras, isso gera receio nos diferentes países, gera inevitavelmente a ideia de cada um estabelecer as suas próprias fronteiras e isso é um perigo", disse Durão Barroso em declaração à Lusa, durante a inauguração do Círculo Luso-Económico (CLE) em Paris.
O antigo presidente da Comissão Europeia, que afirmou ser "muito favorável a Schengen", por ser "uma grande conquista e um grande avanço" para os cidadãos europeus poderem ter liberdade de movimento pela Europa.
"Devemos reforçar as nossas fronteiras externas, reforçar a cooperação entre diferentes países, para ter a certeza que podemos garantir a liberdade de circulação no nosso espaço, o espaço de Schengen", afirmou.
A Alemanha decidiu na segunda-feira alargar os controlos nas suas fronteiras para combater a imigração ilegal, que se tornou mais uma vez numa questão política para o chanceler alemão, Olaf Scholz, face à ascensão da extrema-direita.
Para o antigo primeiro-ministro português, o governo alemão "tomou esta decisão sobre a posição em que vive, por causa de crimes que tiveram lugar na Alemanha recentemente", reforçando que espera que "seja uma medida temporária", já que se trata de um governo "pró-europeista e de centro-esquerda".
Com esta medida, o político espera que "haja, ao mesmo tempo, a compreensão de que não há nenhuma entidade política que possa existir sem fronteira" e que a União Europeia tenha a capacidade de defender as suas fronteiras.
Já enquanto antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso expressou ainda a sua opinião sobre a nomeação do primeiro-ministro francês Michel Barnier, de 73 anos, antigo Comissário Europeu e membro do partido de direita conservadora Republicanos.
"Michel Barnier foi membro da minha Comissão, da Comissão Europeia (...) conhece-o muito bem. É alguém convictamente europeu, mas sempre o achei muito francês", disse Durão Barroso, referindo que "não foi uma surpresa" a sua nomeação pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
O primeiro-ministro francês "é um centrista, uma pessoa muito moderada", vindo de uma família política que em França é considerada de direita, "mas na realidade [Michel Barnier] abraça muitos pontos que são do centro-esquerda", acrescentou.
O Presidente francês procurava "alguém que pudesse fazer alguns consensos e Michel Barnier é, de facto, um homem de consensos", afirmou Durão Barroso.
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