Israel deixou de dar vistos a trabalhadores humanitários, denuncia ONU

As Nações Unidas denunciaram hoje que as autoridades israelitas deixaram de conceder vistos a trabalhadores humanitários, num momento em que o país enfrenta uma crescente oposição dos organismos internacionais por causa da guerra em Gaza.

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© Moez Salhi/Anadolu via Getty Images

Lusa
17/09/2024 18:24 ‧ 17/09/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"As autoridades israelitas deixaram de conceder vistos aos responsáveis e funcionários da comunidade internacional de organizações não-governamentais", escreveu a Agência da ONU para os Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) na conta da instituição na rede social X.

 

A mensagem remete para uma declaração do diretor da UNRWA, em que Philippe Lazzarini denuncia que Israel está a reduzir progressivamente a presença de agências humanitárias e de jornalistas, e recorda que desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há mais de 11 meses, Telavive tem impedido a imprensa de entrar no enclave de forma independente.

"As organizações humanitárias e os meios de comunicação internacionais estão a ser impedidos de fazer o seu trabalho. Isto tem de acabar e as restrições têm de ser levantadas", escreveu Lazzarini.

Questionado sobre as acusações da agência, o porta-voz do gabinete do primeiro-ministro israelita, David Mencer, disse à EFE que "a UNRWA é uma fachada para o Hamas".

Na sexta-feira passada, o jornal israelita Haaretz, citando fontes anónimas presentes durante uma reunião parlamentar confidencial, noticiou que o Ministério do Bem-Estar e dos Assuntos Sociais deixou de emitir vistos para trabalhadores humanitários, argumentando que não tem meios para examinar os pedidos.

Em vez disso, as autoridades israelitas tencionam formar um grupo interministerial, incluindo funcionários dos serviços secretos e da polícia, para analisar os pedidos.

Em fevereiro, o Haaretz noticiou que Israel tinha deixado de aprovar vistos para os trabalhadores humanitários que operam nos territórios palestinianos.

A questão dos vistos tornou-se um pomo de discórdia desde o início da guerra na Faixa de Gaza, onde mais de 41.200 pessoas já foram mortas e a grande maioria da população vive deslocada em condições sub-humanas.

No ano passado, depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, ter afirmado, durante um discurso, que os ataques do Hamas de 07 de outubro (em que 1.200 pessoas foram mortas e 251 raptadas, desencadeando a ofensiva israelita no enclave) não tinham surgido "do nada", o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, anunciou que o seu país passaria a recusar vistos aos representantes da ONU.

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