Israel ataca instalações Hezbollah após explosão de 'beepers'
O exército israelita anunciou hoje ter bombardeado sete instalações do Hezbollah no sul do Líbano, um dia depois de explosões sem precedentes atribuídas a Israel terem visado sistemas de comunicações do movimento libanês pró-iraniano.
© FADEL SENNA/AFP via Getty Images
Mundo Médio Oriente
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, deverá falar às 17:00 locais (15:00 em Lisboa) sobre as explosões, segundo a agência noticiosa francesa AFP.
As explosões mataram mais de 30 pessoas e feriram cerca de 3.200 na terça e na quarta-feira, aumentando os receios de uma guerra em grande escala.
Israel não se pronunciou sobre os atentados, que ocorreram pouco depois de ter anunciado a extensão dos seus objetivos de guerra contra o Hamas palestiniano, apoiado pelo Hezbollah, à fronteira norte com o Líbano.
O objetivo é permitir o regresso dos israelitas deslocados ao norte do país, segundo o ministro da Defesa, Yoav Gallant.
Nos ataques noturnos divulgados hoje, o exército israelita disse ter visado seis infraestruturas do Hezbollah e um depósito de armas no sul do Líbano.
Na terça-feira, explosões simultâneas de 'beepers', um sistema de chamadas de pessoas ('paging') utilizado pelo movimento islamita, ocorreram em bastiões do Hezbollah nos subúrbios do sul, no leste e no sul do Líbano.
Doze pessoas morreram e cerca de 2.800 ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
No dia seguinte, uma segunda vaga de explosões de 'walkie-talkies' matou 20 pessoas e feriu mais de 450, segundo a mesma fonte.
O Hezbollah lamentou hoje a morte de 20 dos seus membros nas "explosões de 'walkie-talkies'", segundo uma fonte próxima do movimento citada pela AFP.
As explosões dos últimos dois dias são o "maior golpe jamais desferido contra a formação pró-iraniana" por Israel, segundo uma fonte próxima do Hezbollah.
Os 'beepers' e 'walkie-talkies' dos membros do Hezbollah explodiram simultaneamente quando os respetivos utilizadores estavam em casa, a fazer compras ou a assistir a funerais.
Os principais objetivos de Israel têm sido, até agora, destruir o Hamas e resgatar os reféns detidos desde o ataque do grupo palestiniano em solo israelita em 07 de outubro, que desencadeou a guerra em curso em Gaza.
O ministro da Defesa israelita afirmou na quarta-feira que o "centro de gravidade" da guerra estava a deslocar-se "para o norte" de Israel, que faz fronteira com o Líbano.
As trocas de tiros mortais quase diárias com o Hezbollah, desde outubro, deslocaram dezenas de milhares de pessoas de ambos os lados da fronteira.
"Estamos a executar as nossas tarefas simultaneamente" no Norte e no Sul e "a nossa tarefa é clara: assegurar o regresso seguro dos habitantes do Norte às suas casas", disse Gallant.
Charles Lister, perito do Instituto do Médio Oriente, admitiu à AFP que "a Mossad [serviços secretos estrangeiros de Israel] se infiltrou na cadeia de abastecimento" do Hezbollah.
De acordo com uma investigação preliminar das autoridades libanesas, "os aparelhos estavam pré-programados para explodir e continham materiais explosivos", disse à AFP um funcionário da segurança libanesa.
O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de emergência na sexta-feira para debater a série de explosões no Líbano.
A Turquia acusou "Israel de alargar a guerra ao Líbano", enquanto Alemanha, Estados Unidos e ONU alertaram para uma escalada no conflito no Médio Oriente.
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