"Sharaa diz que está pronto para deter a imigração ilegal e combater os traficantes de droga. Estes são dois compromissos fundamentais para Itália", afirmou Tajani numa conferência de imprensa em Beirute, onde chegou após concluir a sua visita a Damasco.
"Não quero que o Mediterrâneo continue a ser um cemitério de imigrantes; queremos que o Mediterrâneo seja um mar de crescimento e de comércio", vincou.
O chefe da diplomacia italiana reuniu-se em Beirute com o novo Presidente do Líbano, Joseph Aoun, cuja eleição, no dia anterior, pôs fim a uma crise política de mais de dois anos no país.
"Estamos dispostos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que o Líbano seja um país estável, ao lado de uma Síria estável", afirmou.
Vários responsáveis europeus deslocaram-se a Damasco para se encontrarem com Sharaa, que assumiu o poder a 08 de dezembro, após a queda do regime do Presidente Bashar al-Assad.
Tajani encontrou-se também em Damasco com o homólogo sírio, Assad al-Chaibani, que anunciou uma digressão pela Europa, a primeira desde que uma coligação liderada por islamitas tomou o poder na Síria.
"Tenho o prazer de anunciar a minha intenção de liderar uma delegação de alto nível numa viagem ao estrangeiro, que incluirá vários países europeus, com o objetivo de reforçar a cooperação e a parceria em todas as áreas", declarou Chaibani, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo italiano.
Em relação às sanções impostas à Síria após o início da guerra civil, em 2011, desencadeada pela repressão das manifestações pró-democracia, Tajani considerou que "não devem de forma alguma atingir a população síria".
"As sanções foram impostas por causa de um regime diferente (...) As declarações já emitidas pelo alto representante da União Europeia sobre a questão das sanções são um passo na direção certa", acrescentou.
A União Europeia (UE) tinha acabado de indicar que poderá aliviar "gradualmente" essas sanções se as novas autoridades fizerem "progressos visíveis".
Chaibani saudou a posição de Tajani, salientando que as sanções "constituem um obstáculo ao regresso dos refugiados e (...) um travão à recuperação económica".
A guerra na Síria fez mais de meio milhão de mortos e deslocou pelo menos seis milhões de pessoas.
Sharaa dirige o grupo islamita radical Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a coligação que derrubou Assad a 08 de dezembro, pondo fim a cinco décadas de domínio absoluto da sua família na Síria.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, declarou-se, em meados de dezembro, disposta a dialogar com as novas autoridades sírias, mas apelou para a "máxima prudência" em relação ao HTS.
Outrora ligado à organização terrorista Al-Qaeda, esta formação afirma ter renunciado ao 'jihadismo', e o novo Governo está a tentar tranquilizar a comunidade internacional assegurando-a de que os direitos das minorias serão respeitados numa Síria multiconfessional e multiétnica.
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