"Foi proposto considerar a agressão contra a Rússia por um país não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear, como um ataque conjunto contra a Federação Russa", afirmou Putin, numa clara referência à Ucrânia, que tem pedido autorização aos Estados Unidos e outros países ocidentais para usar mísseis fornecidos por estes em ataques contra território russo.
A ofensiva russa em larga escala contra a Ucrânia iniciou-se em fevereiro de 2022 e os países ocidentais têm apoiado militarmente Kyiv na sua defesa.
Durante a reunião de hoje do Conselho de Segurança da Rússia, Putin não especificou se a Rússia poderia responder a um ataque nos termos descritos.
A doutrina atual prevê que Moscovo use o seu arsenal nuclear "em resposta ao uso de armas nucleares e outros tipos de armas de destruição em massa contra si e/ou seus aliados, bem como em caso de agressão contra a Federação Russa com o uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo".
Citada pela agência noticiosa AP, a versão revista do documento prevê mais pormenorizadamente as condições de uso de armas nucleares, como em caso de um forte ataque aéreo envolvendo aviões, mísseis de cruzeiro ou 'drones'.
A 12 de setembro, Putin tinha advertido que uma autorização dos países ocidentais à Ucrânia para ataques com mísseis de longo alcance contra território russo significaria que "os países da NATO estão em guerra com a Rússia".
"Se esta decisão [de uso de mísseis de longo alcance ocidentais] for tomada, significará nada menos do que o envolvimento direto dos países da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] na guerra na Ucrânia", advertiu Putin.
"Isso mudaria a própria natureza do conflito. Significaria que os países da NATO estão em guerra com a Rússia", acrescentou Putin num vídeo publicado na rede social Telegram.
A Ucrânia tem vindo a pedir autorização para atacar alvos no interior do território russo com mísseis fornecidos por países como os Estados Unidos e Reino Unido.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
[Notícia atualizada às 19h17]
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