Cientistas extraíram uma cadeia de ADN do que julgam ser o queijo mais velho do mundo, através de múmias da Idade do Bronze sepultadas num cemitério chinês do povo Xiaohe.
Os estudiosos encontraram queijo kefir espalhado à volta da cabeça e do pescoço dos cadáveres com cerca de 3.300 e 3.600 anos, na bacia de Tarim, no noroeste da China, de acordo com uma investigação publicada na revista Cell, esta quarta-feira.
Ainda que a substância tenha sido observada pela primeira vez há duas décadas, só agora foi identificada.
“Itens alimentares como o queijo são extremamente difíceis de preservar ao longo de milhares de anos, o que faz desta uma oportunidade rara e valiosa. Estudar o queijo antigo em grande pormenor pode ajudar-nos a compreender melhor a dieta e a cultura dos nossos antepassados”, explicou o investigador Qiaomei Fu, citado pelo New York Post.
O extrato mitocondrial, que se descobriu conter ADN de vaca e de cabra, foi retirado de três túmulos diferentes quando se soube das preferências culinárias dos Xiaohe. Ao contrário da Grécia e do Médio Oriente, os diferentes tipos de leite animal eram separados em lotes de queijo.
Também foi encontrada a presença de bactérias fúngicas consistentes com os atuais grãos de kefir, o que permitiu à equipa traçar a sua linhagem. Aliás, a atual bactéria Lactobacillus terá tido origem tanto na China, como na Rússia. Anteriormente, julgava-se que era exclusiva das montanhas russas do Cáucaso.
O estudo revelou ainda que a bactéria pode ter levado à estabilização da genética e melhorado a fermentação do leite ao longo do tempo.
“Este é um estudo sem precedentes, que nos permite observar como uma bactéria evoluiu ao longo dos último três mil anos. Além disso, ao examinar os produtos lácteos, obtivemos uma imagem mais clara da vida humana antiga e das suas interações com o mundo. Isto é apenas o começo e, com esta tecnologia, esperamos explorar outros artefactos anteriormente desconhecidos”, apontou o investigador.
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