A liderança do partido abre caminho para a chefia do Governo, uma vez que a coligação governamental do Partido Liberal Democrático (PDL) controla o parlamento.
Considerado um perito em defesa, o antigo banqueiro de 67 anos derrotou a ministra da Segurança Económica, Sanae Takaichi, uma conservadora que esperava tornar-se a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro do país.
O PDL, no poder quase ininterruptamente desde a Segunda Guerra Mundial, poderá ter visto as opiniões mais centristas de Ishiba como cruciais para fazer recuar os desafios da oposição de tendência liberal, segundo a agência norte-americana AP.
Pretenderá também ganhar o apoio dos eleitores, numa altura em que o partido se ressente dos escândalos de corrupção que fizeram cair a popularidade do primeiro-ministro cessante, Fumio Kishida.
"Farei tudo (...) para dizer a verdade com coragem e sinceridade, e para fazer deste país um lugar seguro e protegido onde todos possam viver a sorrir", disse Ishiba após ser eleito, citado pela agência francesa AFP.
Espera-se que Ishiba convoque eleições gerais para tentar capitalizar a vitória no partido, mas não se sabe quando.
O Governo vai demitir-se na terça-feira e Ishiba, depois de ser formalmente eleito numa votação parlamentar, formará um novo executivo no final do dia.
Ishiba propôs uma versão asiática da aliança militar da NATO e uma aliança de segurança com os Estados Unidos mais igualitária, incluindo a instalação de bases da Força de Autodefesa Japonesa em solo norte-americano.
É também um assumido apoiante da democracia de Taiwan.
Eleito pela primeira vez para o parlamento em 1986, foi ministro da Defesa, ministro da Agricultura e ocupou outros cargos importantes no Governo, tendo sido secretário-geral do PDL durante o mandato do antigo primeiro-ministro Shinzo Abe.
Um falcão em questões de defesa, Ishiba irritou alguns líderes do partido ao apoiar medidas para melhorar as diferenças entre homens e mulheres e legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O líder cessante, Fumio Kishida, felicitou Ishiba pela vitória e afirmou que a sua eleição é o primeiro passo para um novo LDP.
"O LDP renascerá e estará à altura das expectativas do povo e alcançará resultados", afirmou.
O Japão enfrenta tensões de segurança na região e noutros locais, pelo que deve reforçar o poder de defesa e os laços com os Estados Unidos.
A China anunciou de imediato que pretende melhorar as relações com o Japão, após a eleição Ishiba.
"O desenvolvimento saudável, estável e a longo prazo das relações entre a China e o Japão serve os interesses fundamentais dos dois povos. Esta é a única escolha adequada", afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian.
O porta-voz manifestou a esperança de que Tóquio tenha "uma compreensão objetiva e correta da China" e que prossiga "uma política positiva e racional" em relação a Pequim.
O Japão deve "trabalhar com a China para assegurar o desenvolvimento sustentável, saudável e estável das relações China-Japão no caminho certo", afirmou Lin, citado pela AFP.
Taiwan, que a China ameaça tomar pela força se declarar a independência, também manifestou a vontade de aprofundar a cooperação com o Japão sob a liderança de Ishiba.
O objetivo, segundo um comunicado da diplomacia de Taipé citado pela agência espanhola EFE, é "manter a paz, a estabilidade e a prosperidade na região do Indo-Pacífico".
Taiwan recordou que sob a liderança do PDL, o Japão "reiterou em numerosas ocasiões, em fóruns internacionais, a importância da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan".
Tóquio também apoiou a participação de Taipé em organismos internacionais como a Organização Mundial de Saúde.
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