As migrações são "uma questão que preocupa muito o Papa Francisco", que já manifestou publicamente a vontade de visitar as Canárias, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em Roma, após uma audiência com o líder da Igreja Católica, no Vaticano.
Sánchez revelou ter convidado o Papa para visitar as Canárias e ver como as ilhas estão a lidar com a chegada de 'pateras' oriundas de África.
Sobre a imigração, o primeiro-ministro de Espanha reiterou que está em causa uma questão humanitária mas também o futuro da Europa, que tem de decidir se quer ser "aberta e próspera ou fechada e, portanto, pobre durante as próximas décadas", atendendo à previsível diminuição da população por causa do envelhecimento.
Sánchez voltou a dizer que, a par do controlo de fronteiras, é preciso promover a imigração regular para a União Europeia (UE), através de acordos com países terceiros, combater as máfias que traficam seres humanos e promovem a imigração irregular e dar ajudas ao desenvolvimento aos países de origem e trânsito de migrantes que querem entrar na Europa de forma ilegal.
Nos 35 minutos em que esteve reunido com o Papa, Sánchez disse ter abordado também "a paz e o fim da guerra, tanto na Ucrânia como no Médio Oriente", e defendeu que "a via diplomática" é a única solução.
Mais de 38.800 migrantes chegaram às Canárias nos primeiros nove meses do ano a bordo de embarcações precárias, o dobro do número registado no mesmo período de 2023, segundo dados oficiais do Governo espanhol conhecidos na semana passada.
No conjunto de Espanha, os migrantes que entraram no país de forma irregular entre janeiro e setembro aumentaram quase 60% em relação ao mesmo período de 2023 (de 26.540 para 42.231).
O aumento global deve-se, precisamente, ao caso das Canárias, porque os números revelam uma diminuição de chegadas de migrantes em 'pateras' pelo Mediterrâneo em relação a 2023 (de 9.224 para 10.487).
Em todo o ano de 2023, chegaram desta forma ao arquipélago espanhol 39.910 pessoas, o maior número de sempre registado nas estatísticas oficiais.
Espanha - com costas no Mediterrâneo e no Atlântico e duas cidades que são enclaves no norte de África (Ceuta e Melilla) - é um dos países da União Europeia (UE) que lida diretamente com maior número de chegadas de migrantes em situação irregular que pretendem entrar em território europeu.
Esta semana, Sánchez defendeu que a entrada em vigor do Pacto Europeu para as Migrações seja antecipada um ano, iniciando-se no verão de 2025.
"Vamos exigir uma política de corresponsabilidade e solidariedade em Bruxelas, exigindo que toda a Europa se envolva efetivamente na gestão dos fluxos migratórios que os países mediterrânicos recebem", afirmou Pedro Sánchez durante um discurso no parlamento espanhol.
"Para tal, pediremos à Comissão Europeia que antecipe a entrada em vigor do Pacto sobre Migrações e Asilo" para que as suas disposições "comecem a ser implementadas no verão de 2025 e não no verão de 2026", acrescentou o líder socialista.
Os 27 Estados-membros da União Europeia adotaram, em maio, uma série de normas para reforçar o controlo da imigração, que está prevista entrar em vigor a meio de 2026.
Este pacto visa reforçar os controlos fronteiriços com procedimentos destinados a facilitar o regresso à origem de migrantes cujo direito de asilo seja rejeitado e estabelece um sistema de solidariedade entre os Estados-membros no cuidado dos requerentes de asilo.
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