O presidente da república russa da Chechénia, Ramzan Kadyrov, acusou, na quinta-feira, três legisladores russos de regiões vizinhas de terem ordenado o seu assassinato e prometeu uma "vingança de sangue".
Segundo a agência de notícias Reuters, na base da disputa está um polémico projeto de fusão empresarial - que envolve a gigante russa do comércio eletrónico Wildberries com o grupo de publicidade Russ - descrito como uma "fraude em grande escala" por Kadyrov.
Numa reunião com oficiais de segurança da Chechénia, Kadyrov nomeou os três legisladores russos por trás da alegada conspiração para o matar e alertou: "Se não provarem o contrário, declararei oficialmente a existência de uma vingança de sangue".
Sublinhe-se que Tatiana Bakalchuk, a mulher mais rica da Rússia, e Vladislav Bakalchuk estão em desacordo há várias semanas sobre o futuro da Wildberries, da qual ela detém 99% e o marido 1%.
Em julho, Vladislav Bakalchuk queixou-se abertamente a Ramzan Kadyrov, presidente da Chechénia, onde a mulher nasceu. O dirigente checheno, conhecido pelos seus métodos violentos e por múltiplos interesses económicos, abraçou a causa do marido, classificando o projeto de fusão como uma "fraude em grande escala" que acabou "nas mãos erradas".
De acordo com a agência de notícias russa TASS, Kadyrov revelou que um dos homens envolvidos na conspiração é Suleiman Kerimov, um rico empresário e senador russo do Daguestão, acusado por Bakalchuk de se ter "apoderado" da Wildberries.
No mês passado, duas pessoas morreram e sete ficaram feridas num tiroteio ocorrido na sede da gigante russa. O tiroteio ocorreu a poucas centenas de metros do Kremlin, em pleno centro de Moscovo, num bairro ultra-seguro e num contexto de profundo desacordo entre o casal fundador da empresa russa, que está em processo de divórcio.
De acordo com o relato de Tatiana Bakalchuk na plataforma digital Telegram, o marido primeiro "tentou entrar nos escritórios" acompanhado de dois ex-dirigentes do grupo e de indivíduos armados.
O grupo Wildberries afirmou, em declarações à agência de notícias francesa AFP, que "os homens armados que acompanhavam Vladislav Bakalchuk foram [então] os primeiros a abrir fogo", ferindo polícias e seguranças.
Por seu lado, o marido, de 47 anos, relatou os acontecimentos de forma radicalmente diferente: no Telegram, afirmou que os seguranças lhes "recusaram logo a entrada" e "começaram um tiroteio" que feriu os seus acompanhantes.
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