A Índia tinha revelado hoje que retirou os seus diplomatas depois de rejeitar a notificação das autoridades, canadianas de que o embaixador indiano era uma "pessoa de interesse" num assassinato no Canadá.
"Não acreditamos no compromisso do atual Governo canadiano em garantir a sua segurança", apontou.
O Governo indiano também convocou o principal diplomata canadiano em Nova Deli, Stewart Wheeler, transmitindo-lhe que "o ataque infundado" ao alto-comissário indiano, ou embaixador, e outros diplomatas e funcionários no Canadá "era completamente inaceitável".
"O Canadá forneceu provas credíveis e irrefutáveis de ligações entre agentes do Governo indiano e o assassinato de um cidadão canadiano em solo canadiano", destacou Wheeler, em declarações aos jornalistas, após deixar o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano.
"Agora é o momento de a Índia cumprir as suas promessas e analisar todas estas alegações. É do interesse tanto dos nossos países como dos seus povos chegar ao fundo desta questão. O Canadá está pronto a cooperar com a Índia", acrescentou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia salientou ainda hoje que "a Índia reserva-se o direito de tomar novas medidas em resposta ao apoio do Governo de Trudeau ao extremismo, à violência e ao separatismo contra a Índia".
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse no ano passado que havia alegações credíveis de que o Governo indiano tinha ligações ao assassinato, em junho de 2023, no Canadá, do ativista sikh Hardeep Singh Nijjar.
A Índia rejeitou sempre esta acusação, considerando ser absurda, e no ano passado instruiu o Canadá para retirar 41 dos seus 62 diplomatas no país.
A morte do cidadão canadiano Hardeep Singh Nijjar, que fez campanha pela criação de um Estado sikh independente no norte da Índia, chamado Khalistan, azedou as relações entre os dois países.
Morto no parque de estacionamento de um templo sikh em Vancouver (oeste), Hardeep Singh Nijjar, que imigrou para o Canadá em 1997 antes de ser naturalizado em 2015, era procurado pelas autoridades indianas por alegado terrorismo e conspiração para cometer homicídio.
Cerca de 770.000 Sikhs vivem no Canadá, constituindo 2% da população, existindo uma minoria ativa que apela à criação de um estado independente na Índia.
Em novembro de 2023, o Departamento de Justiça norte-americano, por sua vez, acusou um cidadão indiano, residente na República Checa, de ter planeado uma tentativa de assassinato semelhante nos Estados Unidos.
Os procuradores disseram que um funcionário do Governo indiano também esteve envolvido no caso.
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