No início deste mês, o porta-voz do Governo indiano, Randhir Jaiswal, informou que a agenda da visita de Jaishankar seguiria o programa da SCO, cuja cimeira arrancou hoje na capital paquistanesa e irá prolongar-se por dois dias.
Os trabalhos do encontro vão focar-se em temas comerciais, humanitários e sociais.
"O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano não pediu uma reunião bilateral e nós não a propusemos", afirmou, no domingo, o seu homólogo paquistanês, Ishaq Dar.
A Índia e o Paquistão são inimigos históricos desde a sua divisão, em 1947, em dois Estados separados, após a colonização britânica.
Os dois países vizinhos, ambos com armas nucleares, travaram três grandes guerras e viveram numerosos conflitos localizados.
As relações entre Islamabad e Nova Deli têm estado particularmente tensas desde 2019, em particular depois da decisão do primeiro-ministro indiano, o nacionalista hindu Narendra Modi, de revogar a limitada autonomia de que goza Caxemira.
Fonte de tensão permanente, este território dos Himalaias, de maioria muçulmana, está geograficamente dividido entre a Índia e o Paquistão, que reivindicam a sua soberania.
A decisão de Modi, popular na Índia, levou o Paquistão a suspender as relações comerciais com o seu vizinho e prejudicou gravemente os laços diplomáticos com Nova Deli.
Desde então, os dois países rivais têm-se acusado regularmente de espiar e de apoiar movimentos rebeldes.
O último ministro dos Negócios Estrangeiros indiano a fazer uma viagem oficial a solo paquistanês foi Sushma Swaraj em 2015, para uma cimeira sobre o Afeganistão.
Nesse ano, o primeiro-ministro Modi visitou também o Paquistão, suscitando esperanças de melhoria das relações entre os dois países, o que não aconteceu.
No ano passado, o antigo chefe da diplomacia paquistanesa Bhutto Zardari visitou Goa, oeste da Índia, durante uma rara visita para uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai e nessa ocasião teve uma altercação verbal com o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar.
A SCO é um grupo de 10 nações criado pela China e pela Rússia com o objetivo de discutir a segurança mútua e a cooperação política e militar entre os seus países membros.
O grupo é por vezes apresentado como uma alternativa à aliança militar da NATO, dominada pelo Ocidente.
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