Yahya Sinwar, o arquiteto do ataque de 7 de outubro que serviu de rastilho ao conflito que se arrasta no Médio Oriente, morreu esta semana e isso levantou algumas dúvidas quanto ao futuro do conflito.
Sinwar, que era a procurado desde que o ataque aconteceu, era descrito pelas forças israelitas como um "homem morto que andava", dadas as promessas deixadas pelo exército, que diziam que "não ia parar enquanto ele não fosse capturado, morto ou vivo".
Essa busca chegou ao fim na quarta-feira, em Rafah, Gaza, quando o edifício em que o líder palestiniano do Hamas foi atacado.
O ataque
De acordo com o que o exército israelita explicou, citado pela CNN Internacional, tudo aconteceu quando estavam a realizar uma patrulha de rotina quando começaram a ser atacados a partir de um edifício.
As tropas israelitas responderam ao ataque com recurso a um tanque militar, acionando depois um drone que capturou aqueles que dizem ser os últimos momentos do líder, que tinha 61 anos.
O vídeo mostra o momento em que um homem, com a cara quase toda tapada, parece olhar diretamente para o drone durante alguns segundos - antes de atirar um pau que tinha na mão, na tentativa de acertar no aparelho. As imagens mostram ainda a destruição no piso em que este está, rodeado de pó e sozinho.
Segundo o que Israel explicou, foi apenas quando inspecionaram o edifício, após o ataque, que perceberam que se tratava de Sinwar, confirmando a situação com recurso a registos dentários.
Raw footage of Yahya Sinwar’s last moments: pic.twitter.com/GJGDlu7bie
— LTC Nadav Shoshani (@LTC_Shoshani) October 17, 2024
Quem era Sinwar?
Sinwar tornou-se o principal chefe do Hamas após o assassínio do anterior líder, Ismail Haniyeh, numa explosão no Irão em julho, que foi atribuída a Israel.
Nascido em 1962 num campo de refugiados na cidade de Khan Yunis, em Gaza, Sinwar foi um dos primeiros membros do Hamas, formado em 1987, e acabou por liderar o braço de segurança do grupo.
Israel prendeu-o no final da década de 1980, quando Sinwar admitiu ter matado 12 alegados colaboradores, um papel que lhe valeu a alcunha de 'O Carniceiro de Khan Yunis'.
Sinwar foi condenado a quatro penas de prisão perpétua por crimes que incluíram a morte de dois soldados israelitas e, quando cumpria as sentenças, organizou greves nas prisões para melhorar as condições de trabalho dos reclusos.
Estudante por conta própria da sociedade hebraica e israelita, Sinwar sobreviveu a um cancro no cérebro em 2008, após ser tratado por médicos israelitas. Foi prisioneiro de Israel, um dos mil libertados por Benjamin Netanyahu em 2011.
Quando Sinwar regressou a Gaza, ascendeu rapidamente na hierarquia do Hamas com uma reputação de crueldade. Acredita-se que tenha estado por detrás do assassinato, em 2016, de outro importante comandante do Hamas, Mahmoud Ishtewi, numa luta interna pelo poder.
Existem provas generalizadas de que Sinwar, juntamente com Mohammed Deif, chefe do braço armado do Hamas que Israel também diz ter matado, em agosto, planearam o ataque surpresa de 7 de outubro em território de Israel.
E a partir de agora?
Um a um, Israel tem atacado vários representantes do Hamas, e, de acordo com autoridades norte-americanas citadas pela CNN Internacional, a morte de Sinwar pode mesmo ser uma oportunidade rara para se chegar a um acordo de cessar-fogo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chegaram mesmo a falar na quinta-feira, com "os dois líderes a concordarem que existe uma oportunidade para avançar com a libertação dos reféns e que trabalhariam em conjunto para alcançar esse objetivo".
O que diz Netanyahu?
O primeiro-ministro já disse, no entanto, que o "mal sofreu um golpe muito duro" e que foram "ajustadas contas". No entanto, o chefe de governo disse que "a missão ainda não está completa" - faltando trazer todos os reféns de volta.
"Está a chegar o fim da guerra. Para as pessoas da região, a escuridão está a recuar, a luz está a chegar", prometeu Netanyahu, reforçando que se abria agora uma "oportunidade" para ter um futuro "positivo" na região.
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