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Presidente austríaco convida a formação de Governo sem extrema-direita

O Presidente austríaco, Alexander van der Bellen, encarregou hoje o chanceler, Karl Nehammer, líder do conservador ÖVP, de formar novo Governo com a oposição social-democrata, por ninguém querer aliar-se ao partido de extrema-direita FPÖ, o mais votado nas legislativas.

Presidente austríaco convida a formação de Governo sem extrema-direita
Notícias ao Minuto

22/10/24 16:47 ‧ Há 2 Horas por Lusa

Mundo Áustria

"Encarrego Karl Nehammer, líder do partido com a segunda maior representação no parlamento, de formar Governo", declarou o ecologista Van der Bellen numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).

 

"Comuniquei-lho pessoalmente hoje de manhã e também lhe pedi que inicie de imediato negociações com o Partido Social-Democrata (SPÖ)", acrescentou o Presidente no breve comunicado que quase simultaneamente leu textualmente numa comparência perante a comunicação social no Palácio Hofburg, em Viena.

Além de tentar alcançar um acordo para se coligar com os social-democratas, Nehammer terá de analisar a conveniência de incluir "um terceiro parceiro" para que a futura aliança no poder seja "estável", indicou.

"A Áustria precisa de um Governo com integridade, um Governo estável, que seja capaz de agir", sublinhou.

O chefe de Estado comunicou assim à população a decisão que tomou, depois de realizar várias rondas de consultas com os líderes dos cinco partidos que terão assento parlamentar na nova legislatura, resultante das eleições legislativas de 29 de setembro, ganhas pelo FPÖ, com 28,8% dos votos.

Seguiram-se-lhe o democrata-cristão Partido Popular (ÖVP), com 26,3%, o social-democrata SPÖ, com 21,1%, o liberal Neos, com 9% e Os Verdes com 8%.

Van der Bellen recordou que a vitória do FPÖ não lhe garante chegar ao poder, porque, com 57 mandatos num parlamento com 183 deputados, precisa de parceiros para obter uma maioria de Governo, e nenhum partido se mostrou disponível para se coligar com a formação de extrema-direita.

Admitiu que a decisão hoje anunciada não corresponde à tradição de encarregar a formação do Governo ao partido mais votado, uma coisa que na Áustria é habitual, embora não esteja consagrado como lei na Constituição.

"Desta vez não agi assim (como é costume), porque houve uma situação completamente invulgar em que há um partido com o maior número de votos, claro, mas aparentemente nenhum dos outros partidos quer trabalhar com ele", explicou.

Por sua vez, o líder do FPÖ, Herbert Kickl, "deixou-me claro que o FPÖ só participaria no Governo se ele fosse o chanceler", prosseguiu o Presidente, sublinhando que a situação tinha chegado ao que classificou como um "impasse clássico".

Quanto às razões pelas quais os líderes dos demais partidos se recusam a juntar-se ao partido de Kickl, Van der Bellen afirmou que estes expressaram várias "preocupações" relativamente às posições do FPÖ e ao modo como estas poderiam afetar negativamente o país.

De entre elas, destacou riscos para a "democracia liberal", o Estado de direito, a separação de poderes, bem como a "ausência de uma atitude pró-europeia" e uma "proximidade" ao Kremlin (presidência russa).

Segundo o chefe de Estado austríaco, tanto os conservadores como os social-democratas receavam que "as enormes preocupações de segurança dos serviços secretos estrangeiros restringissem enormemente a cooperação com a Áustria, se Kickl fizesse parte do Governo".

Os conservadores e os sociais-democratas manifestaram-lhe também o seu repúdio pela "linguagem divisora e de ódio" da extrema-direita, bem como por "uma imagem retrógrada das mulheres".

O partido de extrema-direita austríaco FPÖ classificou hoje como uma "bofetada" aos eleitores a decisão do Presidente do país de confiar a formação de um Governo aos conservadores e aos social-democratas, que ficaram em segundo e terceiro lugar nas eleições.

"A muitos de vós, isto pode parecer uma bofetada na cara. Mas prometo-vos: a última palavra ainda não foi dita. Hoje não é o fim da história", declarou o líder do partido xenófobo e ultranacionalista, Herbert Kickl, numa mensagem publicada na rede social Facebook.

Kickl sustentou que o chefe de Estado "rompeu" com o processo habitual de entregar a formação do Governo ao líder do partido mais votado nas legislativas e argumentou que o resultado destas é "um apelo inequívoco à mudança e à renovação", insistindo que mantém a mão estendida aos outros partidos e a disposição de assumir a responsabilidade do Governo.

Afirmou também que, se a vontade dos eleitores for respeitada, a única opção é um executivo liderado pelo FPÖ.

Durante a campanha eleitoral, o FPÖ referiu-se a Kickl utilizando o termo 'Volkskanzler', ou seja, chanceler do povo, usado pelos nazis para se referirem ao ditador alemão Adolf Hitler.

Na sua mensagem, Kickl afirmou que a vontade dos eleitores pode ser abrandada, mas "não pode ser impedida ou travada".

Leia Também: Milhares de austríacos manifestam-se contra governo de extrema-direita

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