UE demarca-se de visita de Orbán à Geórgia e acusa Rússia de interferir em eleições

A União Europeia demarcou-se hoje da visita do primeiro-ministro húngaro à Geórgia, quando a Hungria exerce a presidência rotativa do Conselho, e acusou a Rússia de influenciar as eleições parlamentares ganhas no sábado pelo partido pró-russo no poder.

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Lusa
28/10/2024 11:55 ‧ 28/10/2024 por Lusa

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"O que é justo dizer é que, sim, a Rússia tentou influenciar as eleições na Geórgia", disse a porta-voz da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Nabila Massrali, questionada na conferência de imprensa da Comissão Europeia, em Bruxelas.

 

Dois dias após os polémicos resultados do sufrágio parlamentar na Geórgia, que deu a vitória ao partido pró-russo no poder e foi contestado pela oposição pró-europeia, a responsável garantiu que a diplomacia da UE está a "acompanhar de perto os desenvolvimentos das eleições", vincando que "as irregularidades têm de ser esclarecidas e tratadas".

Já quanto à visita do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, a Tiblíssi, Nabila Massrali salientou que tal deslocação "tem lugar apenas no quadro das relações bilaterais entre a Hungria e a Geórgia".

"O primeiro-ministro Orbán não recebeu qualquer mandato do Conselho da UE para visitar Tiblíssi e a posição da UE foi clara, expressa na declaração de ontem do Alto Representante", adiantou.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que mantém laços estreitos com Moscovo, é esperado hoje na Geórgia para uma visita de dois dias, no que é visto como uma afronta à UE, deslocação que acontece quando a Hungria exerce este semestre a presidência rotativa do Conselho da UE.

Antes de invadir a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia exigiu garantias que tanto a Ucrânia como a Geórgia nunca integrariam a UE e a NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).

As declarações surgem depois de, no domingo, a Comissão Europeia e o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, terem apelado às autoridades da Geórgia para que clarifiquem as irregularidades denunciadas por observadores internacionais nas eleições legislativas de sábado.

De acordo com os resultados quase definitivos divulgados hoje, o Sonho Georgiano, no poder desde 2012, obteve 53,92% dos votos, contra 37,78% da coligação da oposição.

A oposição acusa o Sonho Georgiano, do oligarca Bidzina Ivanishvili, de aproximar a Geórgia da Rússia e de a afastar de uma possível adesão à UE e à NATO, dois objetivos consagrados na Constituição do país.

Tanto a oposição como parte da comunidade internacional, incluindo observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), manifestaram dúvidas sobre a transparência do processo.

Perante esta situação, Bruxelas pediu no domingo que se "implementem o mais rapidamente possível" as recomendações da missão de observação da OSCE e que se apliquem "reformas democráticas, abrangentes e sustentáveis, em linha com os princípios da integração europeia".

Ainda no domingo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que iria colocar este assunto na agenda da cimeira informal, que decorre a 08 de novembro em Budapeste.

Leia Também: NATO exige a Moscovo fim de "expansão perigosa" com tropas norte-coreanas

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