Em declarações feitas sob anonimato à agência noticiosa France-Presse (AFP), um responsável do movimento extremista palestiniano mencionou um comunicado no qual o grupo anunciou tinha realizado reuniões a pedido dos mediadores internacionais para discutir "novas propostas para um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros".
Responsabilizando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por impedir a concretização de um cessar-fogo para prosseguir uma política de "genocídio, limpeza étnica e deslocação de populações", aproveitando a ausência de pressão por parte dos Estados Unidos (o principal aliado de Telavive), o responsável citado pela AFP referiu que o Hamas disse aos mediadores que tudo depende de Israel.
Nesse sentido, reiterou que o Hamas está pronto para aceitar um acordo se Israel concordar com um cessar-fogo, com a retirada completa da Faixa de Gaza, com o regresso das pessoas deslocadas às suas casas em Gaza, incluindo no norte, com a entrada de ajuda suficiente para o povo palestiniano e com um acordo sobre os prisioneiros palestinianos detidos por Telavive.
Na segunda-feira, um porta-voz de Benjamin Netanyahu afirmou que o primeiro-ministro israelita não tinha recebido uma proposta de libertação dos reféns - levados para Gaza durante o ataque do Hamas em solo israelita, a 07 de outubro de 2023 - em troca de uma trégua de 48 horas no território palestiniano, como o Presidente do Egito (um dos países mediadores), Abdel Fattah el-Sisi, tinha sugerido na véspera.
Em declarações feitas hoje, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, defendeu que o Hamas está enfraquecido por mais de um ano de guerra em Gaza e pediu às tropas para continuarem a "pressão militar" sobre o movimento palestiniano "a fim de criar as condições necessárias para garantir o regresso dos reféns".
Há vários meses que os Estados Unidos, Qatar e Egito tentam chegar a uma trégua das hostilidades, acompanhada da libertação dos reféns.
O chefe da Mossad (serviços secretos israelitas), David Barnea, o diretor da CIA (serviços de informações norte-americanos), William Burns, e o primeiro-ministro do Qatar discutiram uma proposta de tréguas de "menos de um mês" em Doha, no domingo e na segunda-feira, segundo fonte próxima das discussões.
A mesma fonte acrescentou que os responsáveis norte-americanos acreditam que, se for possível chegar a um acordo a curto prazo, este poderá conduzir a um outro, mais vasto e permanente.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em Israel que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 43 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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