"Depois da convocação, a polícia foi chamada a intervir em 58 manifestações, das quais 38 foram violentas (...) Tenho 36 membros acamados, alguns dos quais não terão mais a capacidade de trabalhar como PRM", disse o comandante geral da corporação, Bernardino Rafael.
Em conferência de imprensa em Maputo após encontro com o líder do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Bernardino Rafael classificou as manifestações que têm sido convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane de "violentas".
"Todos nós assistimos a essas manifestações violentas. Foram queimados carros, pneus nas rodovias, vandalizaram instituições do Estado, estabelecimentos comerciais e vandalizaram até as instalações onde trabalha a polícia, que foi parceiro principal desde o recenseamento e a campanha eleitoral", lamentou Bernardino Rafael.
Anteriormente, a polícia moçambicana tinha anunciado um membro da corporação morto e 21 feridos, entre graves e ligeiros, em consequência das manifestações em todo o país, de acordo com dados apresentados pelo porta-voz da corporação, Orlando Mudumane, em 28 de outubro.
Hoje, Bernardino Rafael pediu manifestações pacíficas e fim da violência contra a polícia.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral de uma semana em Moçambique a partir de hoje, manifestações nas sedes distritais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e marchas para Maputo em 07 de novembro.
A CNE de Moçambique anunciou no passado dia 24 a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos (extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.
Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados e pediu a anulação da votação, e o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".
As manifestações convocadas por Mondlane nos dias 21, 24 e 25 degeneraram em confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.
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