"Temos esta manhã o debate sobre a competitividade e estou confiante de que os líderes chegarão a acordo sobre uma declaração e esta declaração será um enquadramento poderoso", declarou Charles Michel aos jornalistas à chegada à cimeira europeia informal, em Budapeste.
"[Os líderes] compreendem que temos de atuar para aprofundar o mercado único e sabem que temos de apoiar a nossa base industrial e compreendem que a União dos Mercados de Capitais ou o Banco Europeu de Investimento devem ser instrumentos importantes para garantir a injeção de muitos mais meios financeiros para apoiar a nossa economia, o nosso desenvolvimento económico", vincou.
Os líderes da UE reúnem-se hoje num Conselho Europeu informal em Budapeste para discutir um novo acordo europeu sobre a competitividade, que destaca a necessidade de investimentos significativos face aos Estados Unidos e China.
Reunidos na capital húngara pela presidência rotativa do Conselho da UE assumida pela Hungria, os chefes de Governo e de Estado da União - incluindo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro - vão tentar aprovar a Declaração de Budapeste, na qual se defendem "investimentos significativos, mobilizando financiamentos públicos e privados", bem como um "mercado da energia totalmente integrado e interligado, com caráter prioritário", de acordo com a versão final do documento, a que a Lusa teve acesso.
A reunião acontece num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos, depois de Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente dos Estados Unidos, quando se admite que o republicano se foque mais nos interesses norte-americanos, o que causa receios sobre o impacto nas relações transatlânticas entre Bruxelas e Washington.
Falando precisamente sobre a transição política norte-americana, Charles Michel adiantou estar "absolutamente convencido de que todos os líderes europeus querem reforçar os laços com os Estados Unidos".
"Ontem [quinta-feira] tivemos um bom debate sobre este tema, sobre todos os tópicos, incluindo a segurança, a defesa, e ontem transmiti a Donald Trump a mensagem de que gostaríamos de cooperar com ele em todos os domínios, incluindo na Ucrânia. Temos de reforçar a Ucrânia [face à invasão russa], temos de apoiar a Ucrânia, porque se não apoiarmos a Ucrânia, estaremos a enviar um sinal errado a Putin, mas também a outros regimes autoritários em todo o mundo", disse ainda.
O encontro de alto nível surge ainda depois de o ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi ter enumerado, num relatório divulgado em setembro, falhas no investimento comunitário e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa, situação que a UE quer agora reverter, neste momento de mudança política nos Estados Unidos, um dos seus principais parceiros e concorrentes.
Mario Draghi, que estará presente em Budapeste, estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional no espaço comunitário, o equivalente a mais de 4% do PIB (produto interno bruto) comunitário - o dobro do realizado no pós Segunda Guerra Mundial com o Plano Marshall -, no âmbito de uma nova estratégia industrial comunitária.
Este será o último Conselho Europeu com Charles Michel na liderança da instituição, cargo que será assumido pelo ex-primeiro-ministro português, António Costa, a partir de 01 de dezembro.
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