Maior urgência para UE mais competitiva após Trump ganhar nos EUA
O antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi considerou hoje que cresceu "o sentido de urgência" para a União Europeia (UE) ser mais competitiva e colmatar falhas de investimento e atrasos, desde a vitória de Donald Trump nas presidenciais americanas.
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Mundo Draghi
"O sentido de urgência é hoje maior do que era há uma semana", disse Mario Draghi, falando em declarações aos jornalistas à entrada duma reunião informal do Conselho Europeu, em Budapeste, na qual se vai discutir um novo acordo europeu sobre a competitividade após o seu relatório sobre o tema.
Depois de Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente dos Estados Unidos, Draghi vincou que "a coisa mais urgente a fazer agora é combater a fragmentação do mercado único e dos mercados de capitais" da UE.
Também falando à chegada a esta cimeira europeia informal em Budapeste, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, sublinhou a necessidade de "a Europa voltar a uma tendência ascendente rápida" em termos económicos.
"A competitividade não é apenas uma palavra da moda, é uma palavra que significa que precisamos de nos concentrar no crescimento económico e o crescimento económico significa mais empregos, mais volume de negócios", adiantou a líder da assembleia europeia.
Os líderes da UE reúnem-se hoje num Conselho Europeu informal em Budapeste para discutir um novo acordo europeu sobre a competitividade, que destaca a necessidade de investimentos significativos face aos Estados Unidos e China.
Reunidos na capital húngara pela presidência rotativa do Conselho da UE assumida pela Hungria, os chefes de Governo e de Estado da União -- incluindo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro -- vão tentar aprovar a Declaração de Budapeste, na qual se defendem "investimentos significativos, mobilizando financiamentos públicos e privados", bem como um "mercado da energia totalmente integrado e interligado, com caráter prioritário", de acordo com a versão final do documento, a que a Lusa teve acesso.
A reunião acontece num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos, quando se admite que o republicano se foque mais nos interesses norte-americanos, o que causa receios sobre o impacto nas relações transatlânticas entre Bruxelas e Washington.
O encontro de alto nível surge ainda depois de o ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi ter enumerado, num relatório divulgado em setembro, falhas no investimento comunitário e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa, situação que a UE quer agora reverter, num momento de mudança política nos Estados Unidos, um dos seus principais parceiros e concorrentes.
Mario Draghi estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional no espaço comunitário, o equivalente a mais de 4% do PIB (produto interno bruto) comunitário - o dobro do realizado no pós Segunda Guerra Mundial com o Plano Marshall -, no âmbito de uma nova estratégia industrial comunitária.
O também antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta propôs, num outro relatório divulgado em abril passado, dívida conjunta com planos de reembolsos claros, empréstimos em condições favoráveis e apoio do Banco Europeu de Investimento para financiar o investimento da UE em Segurança e Defesa.
Este é o último Conselho Europeu com Charles Michel na liderança da instituição, cargo que será assumido pelo ex-primeiro-ministro português, António Costa, a partir de 01 de dezembro.
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